Huíla - Várias empresas da província da Huíla que prestaram serviços ao Instituto Nacional de Estatística (INE), no âmbito do Censo Geral da População e da Habitação, estão há mais de um ano sem ver a cor do dinheiro.


*Ilídio Manuel
Fonte: Club-k.net

Os empresários acusam o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a empresa Xand Food, que intermediou o negócio, de não terem honrado com a sua palavra.  Os lesados dizem que devem dinheiro aos bancos, depois de terem contraído dívidas junto dessas instituiçoes para garantir o fornecimento de refeições aos brigadistas que trabalharam em prol do Censo Geral da População e da Habitação, que teve lugar em lugar em Maio do ano passado.


«Estamos endividados até ao pescoço não só com os bancos, mas também junto dos fornecedores», lamenta F. Machado, proprietário de um restaurante no município da Matala.


Ele, à semelhança dos demais comerciantes dos distintos municípios da Huíla, diz que fora contratado pela empresa Xand Food, detida pelo empresário Eduardo Van-Dúnem, para fornecer refeições aos efectivos do INE.


Afirma que o seu restaurante serviu cerca de 200 refeições diárias aos brigadistas e que, por altura da assinatura do contrato, recebera garantias de que as facturas seriam liquidadas no espaço de mês e meio.  


Olga Constantino, sócia da Tolgas Lda, afirma, por sua vez, que a sua empresa assinou um acordo, no dia 4 de Maio de 2015 com a Xand Food, no valor de 1. 771.200.oo (um milhão, setecentos e setenta e sete e um mil e duzentos kwanzas.

 
Diz estar à espera há cerca de ano e meio pelo pagamento da dívida, mas que, ao invés de dinheiro, tem recebido um «baile». «O INE diz que já pagou à Xand Food, e esta, por sua vez, alega que ainda não recebeu o dinheiro daquela instituição», denúncia.


Segunda ela, em função da prolongada dívida, a sua empresa viu-se obrigada a encerrar as suas portas por falta de liquidez.


P.B, proprietária da empresa Ipo Braz, que também forneceu alimentos aos brigadistas durante o processo do Censo, diz ter sido contratada por Francisca José Coelho, próxima  de Eduardo Van-dúnem, contra o pagamento de 7 (sete) milhões de Kwanzas. «Estou há cerca de ano e meio à espera desses valores», queixa-se.


«A Xand Food alega que ainda não recebeu o dinheiro do INE, mas um responsável deste órgão disse-me que metade da dívida já tinha sido honrada», lamenta.


«O Sr. Eduardo disse-nos que ainda não recebeu as verbas, tendo sugerido que nos manifestássemos diante das instalações do INE. Ele prometeu que iria apoiar os nossos protestos», revela P.B.


Confrontado com as acusações, Eduardo Vand-dúnem disse, de forma lacónica, que a sua empresa ainda não recebeu o dinheiro do INE, estando à espera que a dívida lhe seja paga.


Em relação ao mesmo assunto, o director do Instituto Nacional de Estatística (INE), Camilo Ceitas, não atendeu às chamadas que há dias foram feitas para o seu telemóvel nem reagiu a uma mensagem que o articulista lhe enviou para o seu aparelho portátil.


O processo do Censo Geral da População terá custado aos cofres do Estado a avultada quantia de duzentos (200) milhões de dólares norte-americanos, um montante que, segundo fontes bem informadas, já «foi totalmente disponibilizado pelo Ministério das Finanças ao INE».


Consta que devido à realização desta empreitada muitas ordens de saque de outras instituições teriam sido relegadas para segundo plano, já que as prioridades teriam recaído sobre o INE.

  
As dívidas do INE/Xand Food não se restringem à província da Huíla, visto que correram informações no ano passado de que algumas empresas do Kwanza-Sul não tinham sido pagas pelo mesmo tipo de serviço prestado ao INE. 


Segundo se apurou, a dívida para com seis empresas sedeadas do KS ascendiam os noventa e dois (92) milhões de Kwanzas. Tudo aponta que esse passivo não foi ainda liquidado.