Luanda - Integra do discurso do presidente da CASA-CE Abel Chivukuvuku por ocasião da cerimonia de abertura da III reunião ordinária do CDN-conselho deliberativo nacional.

Fonte: CASA-CE

Caros Companheiros, Membros dos Órgãos de Direcção da CASA - CE.

Distintas Senhoras e Senhores Jornalistas.

Minhas Senhoras e Meus Senhores.

Gostaria, antes de mais, saudar todos os companheiros, membros do Conselho Deliberativo Nacional, aqui presentes e em nome do Conselho Presidencial, estender um abraço fraternal a todos os companheiros oriundos de todas as províncias deste nosso grande país. Espero que tenham viajado bem e tenham deixado bem os Vossos entes queridos e outros companheiros. Sejam bem vindos a Luanda. Desejo a todos boa estadia e uma jornada de trabalho frutuosa.

Companheiros.
Permitam – me exprimir a minha gratidão e um tributo especial a todos os membros e amigos da CASA – CE, que tiveram fé e acreditaram, no surgimento do nosso projecto político, renovando a esperança dos angolanos por um futuro melhor. Agradeço a todos aqueles que persistiram, mesmo na hora das dificuldades, e que continuaram a transmitir a confiança e a certeza de que todos juntos, podemos construir um país justo, onde todos os angolanos podem ver os seus sonhos realizados. Em nome do Conselho Presidencial da CASA – CE, aceitem as nossas felicitações e o nosso encorajamento a continuardes esta missão patriótica.

Caros Compatriotas.
Permitam-me também, exprimir o meu apreço e confiança irrestrita, a todos os membros do Conselho Presidencial e do Conselho Executivo Nacional da CASA – CE, que têm sabido desbravar florestas, escalar montanhas e enfrentar enormes dificuldades, sem vacilar, sem hesitar e sem desistir. Só patriotas convictos podem estar preparados a consentir os sacrifícios que têm sido assumidos ao longo destes últimos três anos.

Excelências!
Permitam-me, ainda, exprimir o meu agradecimento e apreciação a todos aqueles que, pelos quatro cantos do país, não têm regateado esforços, visando a realização do nobre destino do nosso país, nas províncias, nos municípios, nas comunas, nos bairros das nossas cidades, nas instituições do Estado, em que estamos representados, em particular, na Assembleia Nacional, bem como nos nossos convívios com o cidadão, no âmbito dos programas 15/15 ou o 07/07. O Vosso sacrifício não será em vão, pois os angolanos que tanto sofrem, saberão, na hora certa, reconhecer o Vosso empenho.

Caras Companheiras, caros Companheiros.
Estamos a realizar a 3ª reunião do Conselho Deliberativo Nacional, três anos após o nosso histórico surgimento na cena política nacional. Mas, mais do que isso, esta reunião acontece nas vésperas da celebração do quadragésimo aniversário da independência nacional. Assim, é nossa obrigação patriótica, prestar o merecido tributo, a todos aqueles que contribuíram, cada um à sua maneira, para essa conquista.


Tributo e homenagem especial, devem por nós ser prestadas aos três líderes dos Movimentos de Libertação de Angola.
Cronologicamente, o pioneiro Álvaro Holden Roberto, que nos ensinou que a nação só se constrói em liberdade e na nossa terra. Por isso, viva a liberdade e a terra.

Prestemos tributo e homenagem ao herói, Agostinho Neto, que nos legou o lema crucial, para a realização dos povos de Angola e cito – “O mais importante é resolver os problemas do povo”. Fim de citação. Se Agostinho Neto estivesse vivo, não teria permitido a subversão do seu ensinamento, hoje foi transformado e praticado pela direcção do partido no poder, num novo lema, segundo o qual - O mais importante é enriquecer ilícita e rapidamente, reprimir os que reclamam e esquecer os que sucumbiram. Aliás, fomos, todos, testemunhas do famoso discurso do actual Presidente da República, que legitimou a teoria da acumulação primitiva de capital, a custa dos cofres do Estado.

Caros compatriotas.
Prestemos tributo e homenagem também, ao mártir, Jonas Malheiro Savimbi, que nos legou o ensinamento de que, só poderemos realizar Angola, se o propósito das nossas acções; se a inspiração para a nossa dedicação e se os objectivos subjacentes aos nossos ideais, tiverem como divisa, e cito – “Primeiro o Angolano, segundo o angolano, terceiro o angolano e o angolano sempre”. Fim de citação. Devemos assumir o compromisso com o cidadão angolano, sem tibiezas, sem complexos, sem xenofobia, porque em Portugal, por exemplo, será sempre o português, em primeiro lugar. Na França, será sempre o francês, em primeiro lugar. No Japão, será sempre o japonês, em primeiro lugar, assim como no Quénia, será sempre o queniano em primeiro lugar. Porque é que teria de ser diferente em Angola?

Minhas senhoras e meus senhores.
Ao celebrarmos este importante marco da vida nacional, importa tecer breves considerações sobre o papel do cidadão José Eduardo dos Santos, enquanto Presidente da República, durante os cerca de 36 dos 40 anos de independência de Angola. Nestes, excessivos, 36 anos de exercício do poder, o Presidente da República, como humano que é, teve um papel positivo, em alguns momentos e, um papel negativo noutros. Nos últimos tempos, o papel do Presidente da República tem sido na generalidade negativo. O balanço final, de um muito longo exercício, que teima em continuar, caberá à história.

Porém, pessoalmente, gostaria de transmitir-lhe um conselho. No entanto, a nossa cultura africana, refreia este instinto. Pois, entre nós, os mais novos, raramente damos conselhos aos mais velhos, porque é suposto que estes, por via da experiência da vida, sejam sábios. Embora isso nem sempre aconteça.

Assim, tomo a ousadia de arriscar, como compatriota e com todo o respeito, uma sugestão ao cidadão José Eduardo dos Santos! Presidente, 36 anos no poder, é demais, e é chegada a hora de passar, tranquila, pacífica e ordeiramente, o bastão e o leme dos destinos do país, às gerações mais novas, que tenham visão de uma Angola positiva para o futuro, e que estejam mais empenhadas e preparadas para desenvolver as reformas de que este país urgentemente precisa;

Reformas quanto aos valores e princípios, que devem servir de esteio à edificação do país.
Reformas quanto ao modelo de Estado.
Reformas quanto ao Sistema Político.
Aprofundamento do processo democrático.
Reformas quanto ao modelo de governação.
Reformas quanto a gestão e utilização dos recursos do Estado.
Reformas quanto à relação da governação com o cidadão.
Enfim!

Senhor Presidente, a si caberá tomar as decisões que a sua consciência lhe ditar, neste momento histórico. A história e a vida têm referências úteis para quem assim quiser, pois, Choochat Watanaruangchoi já dizia, e eu cito:
“Se disseres algo errado, poderás voltar a dizê – lo de forma diferente. Se escreveres algo errado, poderás reescrevê – lo, também, de forma diferente. Mas se fizeres algo errado, o erro fica consigo para sempre”, fim de citação.

Nós, como cidadãos, apenas queremos ter uma memória, o mais positiva, possível, do seu consulado.
Minhas senhoras e meus senhores. Companheiros.

Ao celebrarmos dentro de algumas semanas, o aniversário da independência nacional, renovemos o nosso compromisso de contribuirmos para a construção de uma Angola, onde todos se sintam iguais e possam realizar-se como cidadãos e como pessoas humanas; preservar o Estado, independente e soberano; preservar a paz; garantir a justiça social; aprofundar a democracia e afirmar o Estado de Direito o do mesmo modo, evoluir progressivamente, mas de forma acelerada, para níveis aceitáveis de desenvolvimento humano.

Companheiras e Companheiros.
Menos do que isso, não pode fazer parte da nossa agenda.
Menos do que isso, não pode fazer parte da nossa ambição.
Menos do que isso, seria o abandono dos ideais de Jinga, Ndunduma, Ekuikui, Mandume e outros.
Menos do que isso, faria de nós seres humanos menores, numa humanidade que evolui aceleradamente para padrões avançados de realização da pessoa humana, onde os que avançam, não esperam pelos que vão ficando, correndo o risco de se tornarem irrelevantes no concerto de nações.

Companheiras e companheiros,
Estamos a realizar esta 3ª reunião do Conselho Deliberativo Nacional, num momento difícil do nosso jovem país. O regime que governa Angola, há 39 anos, está completamente à deriva e sem Norte.

O Senhor Presidente da República não teve ontem, condições físicas para cumprir a sua obrigação constitucional de apresentar pessoalmente a sua avaliação do estado da nação na Assembleia Nacional. Desejamos – lhe, rápida recuperação.

No discurso do Senhor Presidente da República, lido pelo Senhor Vice Presidente da República, não houve novas ideias ou iniciativas sobre a reforma do actual modelo de Estado, que já provou ser inadequado, porque baseado no poder centralizado, numa só pessoa, em contraposição a natureza diversificada do nosso país.

Não houve nenhuma ideia nova, quanto à evolução do nosso processo democrático. O Estado de direito foi neutralizado e vigora a lei do mais forte, nos termos negativos do monarca francês, Luís XIV, segundo o qual – L´Etat C, est Moi. Esse poder total, que até reprime violentamente e prende jovens estudiosos. A exigência constitucional de institucionalização do poder local autárquico, ficou adiada para depois de 2017, sem um horizonte temporal definido, contrariando o calendário aprovado pela Assembleia Nacional, que fixava a realização das eleições autárquicas para 2016.

Os Dados estatísticos e os indicadores macro económicos apresentados, não são encorajadores. Em consequência, teremos o agravamento da pobreza e a retracção da nascente classe média, que tem sido um dos segmentos da sociedade, mais afectado pela crise financeira actual.
Para a classe empresarial angolana, não houve palavras de encorajamento, nem medidas de fomento, contrariando a tão propalada necessidade de diversificação da economia.

Esperamos que os valores anunciados sobre a nova dívida, contraída a China durante a visita do Senhor Presidente a este país Asiático, sejam verdadeiros.

Companheiros.

A única novidade, no discurso proferido, foi lamentavelmente negativa. O Presidente da República anunciou que os ex – militares que não têm a sua pensão de reforma regularizada, já não devem contar com ela, devido a falta de recursos financeiros. Ora, todos nós sabemos que bastaria cortar despesas supérfluas, combater a corrupção e a má gestão e o Estado teria recursos suficientes para atender as necessidades básicas, destes cidadãos, que tanto se sacrificaram pelo nosso país. Apelamos ao executivo, para rever esta posição.

Em suma, a mensagem a nação, não transmitiu confiança, não transmitiu fé, nem transmitiu esperança aos cidadãos.

Companheiras e Companheiros.
Falida que está, a opção pela mono – economia, petrolífera, o governo afirma-se incapaz de produzir fórmulas, viáveis e práticas para a recuperação da economia nacional. Durante décadas, no auge da euforia petrolífera, o regime negligenciou as imensas riquezas que o país tem; o regime esqueceu-se que Angola é um país vasto, com imensas terras aráveis;
O regime esqueceu-se de que Angola é detentora de uma vasta rede hidrográfica.
O regime esqueceu-se que Angola tem diversificadas zonas climáticas e densas florestas.
O regime esqueceu - se que Angola possui diversificados recursos minerais.
O regime esqueceu - se que Angola é possuidora de uma rica e longa costa oceânica.
O regime esqueceu – se que Angola é linda e atraente.
Mais grave do que tudo isso;

O regime nunca entendeu, e nunca considerou o que é óbvio, que a maior e inesgotável riqueza de Angola, são os seus cidadãos.
Mas lá vem outra vez o governo, com a recambolesca repetição, de construir mais cidades ou centralidades, na periferia de Luanda, quando é demasiado óbvio, que a opção pela filosofia do betão, não é o factor principal na criação de riqueza sustentada.

Com todo este quadro, somos mais uma vez obrigados a chegar a conclusão de que o actual regime já não tem capacidade de produzir políticas públicas, inovadoras e positivas. Desistiram da governação responsável, sem desistirem de ser governantes. Esqueceram-se da maioria dos angolanos, que é pobre, porque para eles, a qualidade da governação avalia-se pelo volume de remessas monetárias para as contas no exterior. Pregam ao povo o sermão do medo da alternância, quando sabem que a alternância pacífica, ordeira e positiva, que Angola precisa, e que nós propusemos, contará e será feita com todos os angolanos.

Companheiras e Companheiros.

O que foi anteriormente descrito, é parte da realidade da vida actual no nosso país, perante a qual temos que definir o nosso papel. Definir o nosso papel, perante os nossos concidadãos. Definir o nosso papel, perante Angola, e definir o nosso papel perante a História.
Durante estes dois dias, vamos avaliar todo esse quadro, mas não devemos tratar exclusivamente do Estado na Nação. Um ditado africano ensina -nos e eu cito:

“Não me expliques como eu vivo, porque já é o que eu vivo. Ofereça-me uma alternativa melhor”. Fim de citação.

Assim, assumamo-nos como patriotas, dignos da memória dos nossos antepassados e, desenvolvamos um programa que leve à mudança positiva, ordeira e pacífica em Angola em 2017.

Companheiros.
Nesta reunião, vamos também avaliar os nossos progressos nos três anos em análise e constatar as nossas debilidades e dificuldades. Mormente qual é a dimensão do nosso crescimento, em todo o país. Como está a funcionalidade das nossas estruturas, em todo o território nacional. Tudo isso é apenas subsidiário. A maioria dos angolanos não esta preocupada com as nossas questões internas.

Não tenhamos dúvida, e eu pessoalmente não tenho, porque tenho palmilhado o país de lés a lés, e constatado, todos os dias, a enorme e crescente confiança, e esperança, que os angolanos depositam na CASA – CE. Hoje, estamos em todo o país, em disputa total. Não há mais eleitorados tradicionais de A ou de B, ou espaços sociais cativos. A CASA – CE é um factor político, novo, e vamos transforma a geografia eleitoral em 2017.
Por isso, companheiros membros do Conselho Deliberativo Nacional, deixo – vos o meu solene apelo. Esta reunião deve abordar o quadro difícil que o país vive hoje, mas sobretudo, estruturar com criatividade, uma agenda nacional para a mudança em 2017.

Nesta reunião, que se realiza a menos de dois anos das próximas eleições gerais, concentremos o nosso intelecto, as nossas energias e a nossa boa fé, no sentido de descortinarmos estratégias e caminhos seguros para a mudança. Segundo Seneca, e eu cito:
“Se aproveitarmos bem o dia de hoje, dependeremos menos do dia de amanhã”. fim de citação.

Não buscamos a mudança, porque ambicionamos, simplesmente, o exercício do poder político. Ambicionamos, legitimamente, a conquista do poder político, porque temos para Angola, uma visão progressista, humana e futurista. Uma Angola dos angolanos, para os angolanos e pelos angolanos, como diria Abraham Lincoln. Este é o nosso desafio. Este é o nosso compromisso. Esta é a nossa missão. Este será o nosso destino comum. Tenhamos fé, temos de acreditar.

Ralph Waldo Emmerson ensina – nos que;
“A confiança em nós próprios é o primeiro segredo do êxito”.

Queremos uma Angola melhor, para e com todos os angolanos sem descriminação, sem exclusão.

Companheiras e Companheiros.
A história da humanidade já provou, vezes sem conta, que as mudanças são inevitáveis. Não há únicos e não há eternos. Em verdade, as mudanças são a essência da evolução da humanidade. Onde as mudanças acontecem, quando e como acontecem, são o resultado das acções nucleares de cada sociedade e de cada povo. Angola não está imune a esta tendência global.
A mudança vai ocorrer em Angola, em 2017 e de forma pacífica, ordeira e positiva.

Distintas companheiras e distintos companheiros,
Durante os nossos trabalhos, Que DEUS PAI vos ilumine.
Que os nossos antepassados vos transmitam a luz da clarividência e inspiração, para servirdes o próximo com amor e compreensão, na diferença e na diversidade.
Que a Vossa consciência individual, vos indique os caminhos certos para o vosso contributo, que nos leve ao destino comum almejado.

TODOS POR ANGOLA!
UMA ANGOLA PARA TODOS!

Que DEUS PAI, abençoe ANGOLA e todos os ANGOLANOS.

Luanda, aos 16 de Outubro de 2015

Abel Epalanga Chivukuvuku