Lisboa - O ativista de direitos humanos Rafael Marques sublinhou neste sábado a importância da sociedade portuguesa na denúncia do caso dos 15 ativistas presos e sugeriu que o regime angolano esperava silenciar a população através do investimento na comunicação social nacional.

Fonte; Lusa

“Aqui em Portugal compraram os meios de comunicação social, os meios políticos, e esperavam que a sociedade se mantivesse silenciosa”, afirmou Rafael Marques, considerando que o Governo angolano “não vai dialogar” e que os 15 ativistas presos “vão ser condenados por coisas que não fizeram”.

 

“São cabeças duras”, afirmou, referindo-se ao Governo que “não mudou a sua forma de pensar nos últimos 40 anos”, e que continua a prender pessoas “por causa de um título [do manifesto], sem se preocupar com o seu conteúdo”.

 

Rafael Marques, que na quarta-feira visitou os 14 presos e pediu ao rapper Luaty Beirão que termine a greve da fome, reafirmou hoje que “não há razão para perder mais uma pessoa” quando “eles já conseguiram fazer o que nestes anos ninguém conseguiu: mobilizar a comunidade internacional”.

 

Numa mesa de escritores, em que falou sobre os 40 anos da independência de Angola, Rafael Marques lembrou, no entanto, que este não é o único atropelo aos direitos humanos no país que tem “há 40 anos o mesmo partido no Governo e há 36 anos o mesmo presidente”.

 

Lembrando a sua própria prisão ou a de um bloger “preso por tentar assistir a uma reunião da Assembleia Nacional”, o jornalista sublinhou que Angola “precisa de liberdade de expressão para que as pessoas possam discutir todas estas questões” e mudar o rumo do país que “seguiu o pior exemplo das leis portuguesas”.

 

Para além de Angola, esteve em debate na mesa de escritores as independências de Moçambique e Cabo-Verde, analisadas por José Luis Tavares e Ungulani Ba Ka Khosa. A mesa decorreu no âmbito do Folio – Festival Literário Internacional que decorre em Óbidos até domingo.

 

Organizado em cinco capítulos (Folia, Folio Autores, Folio Educa, Folio Ilustra e Folio Paralelo), o festival é palco, de lançamentos de livros, debates, mesas redondas, entrevistas, sessões de autógrafos e conversas (improváveis, segundo a organização), entre mais de uma centena de escritores e os leitores.