Nova Iorque - O regime angolano foi aconselhado  a adiar o julgamento dos 17 presos políticos, marcado para próxima segunda-feira (16), como medida para não “atrapalhar” o dialogo estratégico que uma delegação do governo (chefiada por George Chicoty) terá no departamento de Estado, em Washington, na próxima semana.

 Fonte: Club-k.net

Poder judicial nas mãos do poder político

A sugestão partiu de uma equipa de Lobby (Inglaterra e EUA) que foi contratada para ajudar a restaurar a aceitação da imagem do governo angolano no exterior e limitar os danos que organizações como a Amnistia Internacional têm causado à imagem do regime com as suas denúncias de violação dos direitos humanos em Angola.

 

As autoridades revelam-se decididas em condenar os presos políticos, no julgamento de quatro dias, porém, o grupo de Lobby procura persuadir as autoridades angolanas para que o anuncio da sentença não aconteça no momento em que a delegação de George Chicoty estiver em trabalho nos Estados Unidos da América (EUA).

 

Uma das mais categorizadas figuras que integra este grupo de lobby, é Alexander Vines “Alex”, um cidadão britânico que trabalhou em Angola pela Missão das Nações Unidas (UNAVEM II), e mais tarde tornou-se pesquisador da “Human Rights Watch” para as questões de África. “Alex” Vines é presentemente o diretor de programa para África da “Chattam House”, um prestigiado “Think Tank”, britânico que passou a ter a Sonangol e o Banco BAI como seus patrocinadores.

 

Nos Estados Unidos, Alex Vines tem se destacado como grande defensor do governo angolano junto do departamento de Estado americano, ONGs.

 

Para os próximos dias, “Alex” Vines deverá deslocar-se aos Estados Unidos da Americana (EUA) na qual se apresentará como orador de uma palestra marcada para o próximo dia 18 de Novembro que o governo de Angola está a realizar no prestigiado “Wilson Center Institute”, Washington. O evento terá outros oradores como as seguintes entidades a saber:

 

Helen La Lime (EUA);

Agostinho Tavares da Silva Neto (Angola);

George Chikoti (Angola);

Abrahão Gourgel (Angola);

Alexander Vines (Chattam House);

Adotei Akwei (Amnesty International);

Witney Schneidman (Covington & Burling LLP);

Mamadou Beye (Chevron)

 

Dentre os oradores escolhidos pelas autoridades angolanas apenas o representante da Amnistia Internacional, Adotei Akwei é tido como a única voz critica ao regime, nesta palestra.

 

De acordo com consultas, o convite para a Amnistia Internacional fazer parte do painel, proposto pelos lobistas ingleses e americanos ao serviço do governo angolano, é para esvaziar a sua iniciativa, sobretudo em Portugal de tomar posições consequentes na sua denúncia dos graves abusos contra os direitos humanos cometidos pelo governo em Angola.

 

A Amnistia Internacional, em Portugal, tem organizados campanhas, manifestações e vigílias pela libertação dos presos políticos em Angola e contra o uso do poder judicial para a repressão da liberdade de expressão e demais direitos dos cidadãos.

 

Na capital americana, alguns sectores da sociedade civil tem levantado suspeitas de que o regime angolano  alugou o espaço do “Wilson Center” para a sua palestra para fins de branqueamento de imagem. Existe também a convicção generalizada, na comunidade angolana “opositora” , de que depois do evento, o regime poderá fazer aproveitamento do espaço, para propagar nos meios de comunicação em Luanda, de que foram “elogiados” pela sociedade norte-americana, uma vez que os oradores são da sua conveniência, com excepção ao representante da Amnistia Internacional.

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