Luanda - Angola vai perdoar a dívida externa de Moçambique, avaliada em cerca de 600 milhões de dólares, disse hoje em conferência de imprensa o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, no final de uma visita a Luanda.

Fonte: Lusa
"Angola mais uma vez reafirmou a sua vontade de perdão da dívida de Moçambique, pelo menos em 50%, e a outra parte que ficar será transformada em investimento", adiantou Filipe Nyusi, dando conta que este acordo, já avançado em 2014, foi passado a escrito no comunicado final das conversações de alto nível entre os dois países e que marcaram a sua visita de Estado iniciada no domingo.

Foi tomada a decisão política e o figurino será definido no futuro, disse o Presidente moçambicano, instando os dois países a reverem periodicamente, numa base trimestral ou semestral, o andamento dos seus mais de 20 memorandos comuns.

Esta modalidade de perdão da dívida já tinha sido revelada em agosto de 2014 pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicano, Oldemiro Baloi, durante a IX Comissão Mista de Cooperação Bilateral Angola-Moçambique, embora não tenha divulgado valores.

"É um gesto que simboliza a amizade e a vontade de colaborar e participar nas soluções para as preocupações do povo moçambicano", comentou Nyusi, no final da visita de Estado a Angola, durante a qual manteve um encontro com o seu homólogo, José Eduardo dos Santos, e participou nas comemorações dos 40 anos da independência angolana, que hoje se assinalam.

"A nossa presença é o reconhecimento que este povo está independente, que teve um papel comum connosco, teve o mesmo colonizador, lutámos no mesmo momento e nos libertámos no mesmo ano", comentou o chefe de Estado de Moçambique, que também comemorou 40 anos de independência no passado dia 25 de junho.

Desta visita de Estado resulta também a determinação de Angola e Moçambique resolverem em 2016 a facilitação de vistos para a entrada dos seus cidadãos em cada um dos dois países.

Ainda no balanço da deslocação, Filipe Nyusi considerou que o fórum de negócios com empresários dos dois países foi um sucesso, tendo sido assinados acordos entre o Centro de Promoção de Investimentos (CPI) e a Câmara de Comércio e Indústria de Angola, entre a Confederação das Associações Económicas (CTA) e o Centro Corporate Governance angolana e entre a Confederação das Empresas de Moçambique e o Instituto de Fomento Empresarial.

O Presidente moçambicano referiu-se também às visitas que realizou à petrolífera angolana Sonangol e à base logística para o sector petrolífero Sonils, dando conta de que servirão de conhecimento para o modelo a adoptar para este sector em Moçambique, quando o país se prepara para a exploração, na próxima década, de uma das maiores reservas de gás natural do mundo.