Lisboa - O líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou hoje uma renovação de 45% dos cargos diretivos no partido, no poder desde 1975, mas sem clarificar se pretende recandidatar-se.

Fonte: Lusa

O anúncio foi feito durante a reunião do comité central do MPLA, órgão deliberativo máximo do partido entre congressos, sob orientação de José Eduardo dos Santos, para apreciar, entre outros assuntos, as atividades do partido no próximo ano e preparar o congresso ordinário, a ter lugar "em meados" de 2016.

 

"Aprovámos as principais teses do partido no congresso extraordinário, que serão naturalmente homologadas no congresso ordinário. Agora são as alterações a introduzir nos estatutos e no programa geral do partido que vão dominar a nossa atenção, a todos os níveis, bem como o processo de renovação, em 45%, da direção, nos vários escalões previstos nos estatutos do partido", disse José Eduardo dos Santos.

 

Nesta reunião, que junta em Luanda mais de 260 dos membros do comité central do MPLA, o líder angolano apontou a necessidade de o partido "elaborar a metodologia adequada" e "atualizar" o regulamento eleitoral "sobre as candidaturas a cargos ou funções eletivas", com base nestas orientações de renovação.

 

José Eduardo dos Santos não clarificou se está disponível para concorrer de novo à liderança do partido no congresso de 2016 ou às próximas eleições gerais no país, que anunciou hoje que terão lugar em agosto de 2017.

 

Em julho passado, numa reunião do MPLA para preparar o próximo congresso ordinário, José Eduardo dos Santos afirmou que nas "atuais circunstâncias" do país pretende levar o mandato até ao fim, mas apontou a necessidade de estudar com seriedade a construção da transição em Angola.

 

"Em certos círculos restritos era quase dado adquirido que o Presidente da República não levaria o seu mandato até ao fim, mas é evidente que não é sensato encarar essa opção nas atuais circunstâncias", disse, no discurso de abertura da terceira reunião extraordinária do comité central do MPLA, a 02 de julho.

 

O partido está assim a preparar o seu sétimo congresso ordinário, que por sua vez vai eleger, entre outros cargos de direção, o de presidente do partido, cargo ocupado há mais de 35 anos por José Eduardo dos Santos, igualmente Presidente da República de Angola.

 

As eleições gerais de 2017 serão as terceiras desde o fim da guerra civil, em 2002.

 

"Penso entretanto que deveremos estudar com muita seriedade como será construída a transição. Na minha opinião, é conveniente escolher o candidato a Presidente da República, que é competência do comité central nos termos dos estatutos, antes da eleição do presidente do partido no sétimo congresso ordinário", afirmou o líder angolano na reunião de julho, não tendo adiantado mais informação na intervenção de hoje.