Lisboa – O general António José Maria, chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar (SISM) é o único alto dirigente do regime angolano a quem o juiz Januário José Domingos incluiu no seu despacho de 15 de Outubro como vítima dos presos políticos. Na percepção transmitida, o general terá sido vítima de um assalto, no qual roubaram uma correspondência que ele dirigiu ao Presidente José Eduardo dos Santos (JES).

 Fonte: Club-k.net

Juíz insinua que “revús” roubaram documentos secretos do general

Na pronuncia, o juiz Januário José Domingos insinua que o referido documento foi encontrado em posse do presos politico Osvaldo Caholo, sargento da Força Aérea Angolana (FAA), preso dias depois pelas forças de segurança.

“O réu Osvaldo Sérgio Correia Caholo apropriou-se, em circunstância de tempo modo e lugar ate aqui não revelados, o documento militar confidencial que o Serviço de Inteligência Militar, através do general António José Maria enviara ao Presidente da República, na qualidade de comandante em chefe da FAA. O referido documento foi endereçado e aprendido pelos serviços de investigação criminal no domicilio do próprio réu”, lê-se na pronuncia do juiz Januário José.

Por outro lado antes do processo ter ido ao Tribunal Provincial de Luanda, a Procuradoria Geral da República, do general João Maria de Sousa, da a sua versão controversa alegando que o jovem foi detido na posse de um computador.

“O arguido Osvaldo Sérgio Caholo foi encontrado na posse de um computador de sua pertença que examinado pericialmente, revela um documento altamente confidencial e de carácter militar dirigido ao Comandante em Chefe das FAA, cuja proveniência e posse não soube explicar”, lê-se na acusação da PGR/Ministério Público.

Em meios entendidos na matéria, alegam que estará a ser vítima de uma cilada das autoridades, que procuram mantê-lo na cadeia a qualquer preço. Caso for inocentado no crime de derrube ao regime, Osvaldo Caholo deverá ser condenado por posse de documentos confidenciais pertencentes ao general José Maria.

 

Osvaldo Caholo foi detido na posse de um computador como alega a PGR?

Conforme publicou na altura o portal Maka Angola “o SIC e os agentes de segurança do Estado, segundo consta, continuam a perseguir outros activistas. Na manhã (quarta-feira) prenderam Osvaldo Caholo, de 26 anos, tenente da Força Aérea e activista. A sua família reportou que alguém teria tocado à campainha do seu apartamento, na Centralidade de Cacuaco, para o informar de que a janela do seu carro estava partida; quando Osvaldo Caholo saiu para confirmar esta informação, foi imediatamente preso e arrastado para um carro com vidros fumados. Meia hora depois, os captores conduziram o detido ao seu apartamento, revistaram-no e confiscaram dois computadores, os telefones do casal e todos os livros que encontraram. A família confirmou que os agentes não exibiram qualquer mandado de busca.”

Há 29 de Setembro, Elsa Caholo, a irmã do Osvaldo deu uma entrevista (a um documentário liberdade Já) explicando que logo após a detenção daquele, a família foi ao SIC (Ex-DNIC) e este órgão afecto ao Ministério Interior, revelou desconhecer o paradeiro do Jovem.

De tese de mestrado a documento secreto do general Zé Maria

Segundo a media angolana, foi encontrado na computador de Osvaldo Caholo a tese de mestrado de um outro colega seu da Universidade, capitão Zenóbio Zumba, que labora no gabinete de Informação e Análise afecto ao Estado Maior-General das Forças Armadas Angolanas (FAA). Após a descoberta deste documento o capitão foi detido no dia 30 de Junho no Comando da Região Militar de Luanda.

Como o General Zé Maria entra no processo?

Suzana Zumba, a esposa do capitão teria protestado, contra o facto de Zenóbio continuar detido sem que as autoridades lhe tenham apresentado qualquer mandado de captura e sem ter sido ouvido por um procurador militar.

“Sempre que transmito esta preocupação aos magistrados que cá vêem, nem sequer se dignam a ouvir-me porque, segundo eles, sou preso do general Zé Maria [chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar] e não tenho mandado de prisão”, reclama o capitão Zenóbio Zumba, em mensagem a que o Maka Angola teve acesso.

O General José Maria de Sousa é tido como o principal protagonista da teoria de que os jovens estavam a preparar um suposto derrube contra o Presidente Eduardo dos Santos.  O seu envolvimento no processo contra estes jovens, está a gerar fortes suspeitas de que possa ser o próprio a criar esta historia de que encontraram no computador de Caholo, documentos seus enviados ao Presidente Dos Santos.

Segundo uma  denuncia, que circulou, semanas após   as prisões  dos jovens  "depois das detenções do dia 20 de Junho, os computadores que foram aprendidos, ficaram quatro dias com dos Serviços de Inteligência, onde foram manipulados e introduzidos falsos documentos, com o fim de os acusar de falsificação de documentos, somente depois disto os bens foram enviados á PGR."

Há ainda analises de que se o suposto documento secreto existe, então terá sido mesmo a secreta do regime, uma vez que eles que prenderam ilegalmente este jovem o oficial da Força Aérea e só momentos depois foram confiscar o computador em sua casa. Osvaldo ou os seus representantes legais não estiveram presentes no momento em que a segurança angolana abriu o seu computador.

De acordo com pareceres jurídicos, o normal seria as autoridades terem feito a pericia aos computadores   dos detidos na presença destes e se encontrassem algum suposto documento militar pertencente ao general Zé Maria, os magistrados apresentavam na hora aos detido e estes por sua vez assinariam um documento de confirmação.

“As autoridades fizeram ao contrario, abrirem os computadores na ausência dos presos. Todo material que for encontrado depois da detenção destes jovens é da responsabilidade de quem confiscou ilegalmente os aparelhos. Quem garante que não foram os próprios operativos do general Zé Maria que colocaram os tais documentos para incriminar ou seja será que existem mesmo este suposto documento?”, questiona a fonte que pediu para não ser identificada.

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