Luanda - O Comandante Geral da Policia Nacional, comissário geral Ambrósio de Lemos, exonerou recentemente altas patentes da Direcção Nacional de Viação e Transito (DNTV) por fraude na emissão de documentos. As exonerações aconteceram depois deste jornal ter trazido à estampa, em primeira mão, vários casos de fraude na emissão de cartas de condução e livretes envolvendo altos responsáveis da DNVT.

Fonte: O País

Dois despachos a que este jornal teve acesso determinaram a demissão dos superintendentes-chefes, Zaqueu Ufôlo do Departamento de Telecomunicações e Informática, Nelson Delfim, da Repartição das Operações da DNVT, Estevão Delfim, da Repartição de Informação e Análise da Polícia Nacional e a Inspectora-Chefe da secção de Exames de Condutores da DNVT, Iracelma Martins.

Num outro despacho, o comissário geral Ambrósio de Lemos, segundo a fonte, afastou da corporação o operador da sala de emissão de licenças de condução e livretes, o sub-inspector Eduardo Fula, assim como André Chongolola, da área de Informática, ambos apanhados em “flagrante delito”.

No mesmo despacho o comandante geral despromoveu do grau de primeiro subchefe, e de terceiro subchefe, respectivamente, os sub-inspectores, Pedro Tito, Luciano Gonçalves, e Adelino Mateus.

Esta medida decorreu de um inquérito disciplinar instaurado desde o princípio do ano, devido a “condutas indecorosas, infrações e falsificação de documentos e negligência,”. A sanção aplicada aos visados teve como finalidade desmantelar a rede que “açambarcava” o sistema informático.

Conforme noticiou OPAÍS no mês passado, o inspector-chefe da Direção Nacional de Viação e Trânsito, DNVT, em Luanda, mais conhecido por Anais, terá sido preso pela Policia Militar (PM), acusado de posse ilegal de mais de uma centena de cédulas de condução e de livretes.

De acordo com a fonte, o facto ocorreu em Luanda, quando na viatura do acusado, encontrada na via pública, estacionada por mais de 24 horas, foram descobertas mais de uma centena de cédulas de licenças de condução e de livretes, incluindo o fardamento e passadores do acusado.

“Tais documentos teriam como finalidade a sua comercialização no mercado negro ao preço de 50 mil kwanzas cada”, estando a decorrer o devido processo de crime na Polícia Judiciaria Militar.

OPAÌS apurou que “o excesso de burocracia para tratar ou levantar qualquer documento tem levado os cidadãos a “colaborarem” com funcionários para obterem os seus documentos com brevidade contra o pagamento de valores monetários. Por isso mesmo, e para melhor controlar esses casos, a Polícia Militar instalou na DNVT o seu departamento para averiguar tais situações, disse uma fonte.

Esta situação, segundo apuramos, ficou agudizou-se após dois sub-inspectores, Eduardo Fula e Celestino Tchongolola, da área de Informática e Operações terem sido apanhados em flagrante delito a invadir a senha de outro colega, introduzindo licenças de condução e livretes falsos de forma fraudulenta e ilegal.

Ainda assim, segundo a fonte, o inquérito concluiu também que na secção de marcação de exames de condução, que tinha à testa até então, como chefe de secção de exames Iracelma Martins, alega-se registar-se marcações de exames de pessoas que não frequentaram nenhuma escola. Acrescentou o nosso interlocutor que este processo era feito a troco do equivalente a 500 dólares, inclusive para estrangeiros.

Antecedentes

No mês de Abril este Jornal publicou uma matéria similar, da descoberta na Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT) de um esquema fraudulento de emissão de documentos, protagonizado por um funcionário com altas responsabilidades afecto ao Departamento de Informática daquela direcção.

Segundo as fontes deste jornal, na altura, o esquema terá sido desarticulado com a detenção de um “menino de recados” encontrado no interior daquelas instalações que, supostamente, se achava na posse de 700 livretes com as respectivas guias e cartas de condução, ao contrário do caso que levantamos nesta edição em que a prova do crime alega-se ter sido encontrada na posse de um inspector chefe da DNVT.

Antecedentes

13 de Abril de 2015 Foi descoberto na Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNVT) um esquema fraudulento de emissão de documentos protagonizado por um funcionário com altas responsabilidades

30 Maio 2012 O Inspector-chefe da Direção Nacional de Viação e Trânsito, DNVT, em Luanda, mais conhecido por Anais, terá sido preso pela Policia Militar (PM), acusado de posse ilegal de livretes e cartas

07 de Outubro o Comadante Geral da Policia exonerou, por despacho, vários inspetores-chefe da Direção Nacional de Viação e Trânsito, (DNVT).