Luanda - O inquérito para apurar causas do desabamento, em 2008, do edifício da investigação criminal, em Luanda, está em curso, mas a responsabilidade recairá na administração colonial portuguesa, por ter permitido a construção sobre um lençol de água.

Fonte: Lusa

A informação foi prestada hoje pelo secretário de Estado dos Serviços de Proteção Civil e Bombeiros do Ministério do Interior de Angola, que respondia no parlamento angolano, no âmbito das discussões na especialidade do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016, a perguntas dos deputados.

Em 2008, o edifício da antiga Direção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) desabou tendo causado 24 mortos entre as 180 pessoas que se encontravam no edifício.

À questão, colocada pela deputada da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Mihaela Weba, sobre os resultados do inquérito aberto há sete anos, o Eugénio Laborinho disse que o mesmo "está em curso".

"Já são muitos anos que se passaram. O prédio da DNIC estava numa área de erosão hídrica, porque ali várias fontes de água passavam, por aí e porque também é uma área complicada em termos de vulnerabilidade de risco, uma vez que já houve algumas réplicas naquela direção", explicou o governante angolano.

Eugénio Laborinho disse ainda que na altura não faltaram os alertas para aquela situação, frisando que o prédio desabou em segundos.

"Deu a primeira réplica, a segunda e à terceira o prédio desabou e tinha detidos na altura. O que é que nós podíamos fazer", questionou.

O secretário de Estado lembrou que na altura, enquanto comandante da Proteção Civil e Bombeiros, dirigiu as operações de resgate, que "já lá vão muitos anos" e que o inquérito está em curso.

"Agora vamos julgar quem? O Ministério da Construção, o ministro do Interior na altura? O diretor da DNIC, na altura? Quem?", devolveu as perguntas à deputada.

"Aquilo aconteceu, aquilo o construtor é o colono, que nós temos que ir buscar lá. É verdade, foi o que aconteceu. É o colono que construiu mal, construiu por cima de um lençol de água. Isto é perigoso e nós temos estado a alertar do ponto de vista preventivo que isso não é assim", sublinhou.

O dirigente angolano fez uma analogia do caso às construções realizadas junto de encostas, morros e linhas de água, que "depois quando vem o azar é um problema" e querem culpabilizar o Governo.