Lisboa - Dentre os réus que estão a ser julgados no mediático caso “Jorge Valério”, varias testemunhas são unanimes em declarar que o depoimento de António Niete foi o que mais marcou a sala de audiência, ao denunciar a crueldade por que passou nas mãos da DNIC, que forçou-lhe assumir um crime ocorrido, num momento que ele nem sequer se encontrava em Luanda.

 Fonte: Club-k.net

Foram  instruídos a incriminar Jessica Coelho 

António Niete (na foto) conhecido por Cototocha, ou KT, solteiro de 26 anos de idade é acusado pelo Ministério Público como a pessoa que acabou por tirar a vida de Jorge Valério Coelho da Cruz, no ano de 2012.

 

Em tribunal, António Niete explicou que foi obrigado a assumir a autoria da  morte de Valério conforme consta nos autos, a mando da DNIC, apos várias sessões de tortura. Durante a audiência, o réu mostrou as cicatrizes no seu corpo como consequência das  sessões de tortura na qual foi usado um material de aço. Contou outros episódios horríveis e mostrou o seu ombro deslocado causado pela agressão  exercida pela instituição liderada pelo Comissário Eugenio Alexandre.

 

António Niete explicou que a data da sua detenção encontrava-se na cidade de Menongue, província do Kuando Kubango, onde trabalhava como mecânico. Contou ainda que antes de ser levado para Luanda, a DNIC levou-lhe para a província do Bié, e durante todo trajecto, o seu cotidiano foi marcado por tortura.

 

Posto em Luanda, voltou a ser torturado durante 20 dias, e segundo contou, devido a tanta violência,  não teve como não aceitar e assinar os papeis que a DNIC deu-lhe para auto se incriminar como autor material do assassinato de Jorge Valério.

 

Foi-lhe perguntado porque não denunciou que foi torturado, no momento em que foi interpelado pela representante do Ministério Publico, Yemanjá Videira e o réu respondeu que  desconfiava que faziam todos parte da “combina”.

 

Questionado se alguma vez, a DNIC levou-lhe para o local onde Jorge Valério morreu, para fazer a reconstituição do crime, António Niete disse que não e explicou que nunca viu o falecido e que não faz ideia onde o mesmo foi morto. Reiterou que a data da morte do universitário, ele se encontra em Menongue, e reiterou  que assumiu o crime por força da carga de tortura dos homens da DNIC.

 

Para os próximo dias, serão chamados a depor alguns responsáveis da DNIC, afim de se explicarem sobre as praticas de crueldade/tortura para colher confissão, uma vez que há fortes evidencias de que esta instituição terá apresentado falsos assassinos, que sob tortura foram obrigados e instruídos a incriminar Jéssica Coelho, a ex-namorada  do falecido.

 

Por outro lado, e citado pelo o Jornal OPAIS,  o advogado Benja Satula, aventou a possibilidade de o processo ser nulo por estar repleto de declarações conseguidas com o uso da força, além de invocar que as provas foram forjadas. Lembrese que quando os réus Manuel Lima, João Manuel Mateus, João Maiala, António Nhath e Victor Nsumbo foram ouvidos em tribunal afirmaram unanimemente que a maior parte das declarações que constam dos autos foram produzidas sob tortura.