Luanda - O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, afirmou que está a chegar o "fim de uma era" em Angola, e a iniciar-se uma "fase de transição", que passa por eleger em 2017 um Governo "que trabalhe para o povo".

Fonte: Lusa

O líder do maior partido da oposição discursava em Luanda na abertura do XII Congresso ordinário da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), na qualidade de presidente cessante, tendo em conta a eleição para a presidência a realizar no sábado, sendo Samakuva um dos candidatos.

Num discurso virado para a crítica à governação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder no país desde 1975, o presidente da UNITA afirmou que a nação angolana "atravessa um dos seus maus momentos desde que alcançou a paz".

"A crise económica estendeu-se para vários setores da vida do país, o sistema financeiro não tem liquidez nem solidez para sustentar a economia, as empresas estão insolventes, os trabalhadores estão a ser despedidos todos os dias. Os que deviam utilizar os recursos públicos para servir os cidadãos demitiram-se das suas funções", afirmou.

A sessão de abertura do congresso da UNITA decorreu esta manhã e a eleição do presidente, à qual concorrem os deputados Lukamba Paulo 'Gato', Abílio Kamalata Numa e Isaías N'gola Samakuva - este candidato à reeleição -, terá lugar durante todo o dia de sábado.

Para Isaías Samakuva, que discursava sempre na condição de presidente cessante, Angola enfrenta a "incapacidade e insuficiência do poder central para os gerir os múltiplos problemas locais" e o Estado "não consegue assegurar, sem roturas, o essencial da prestação de serviços públicos e dos serviços sociais".

"E está a planear agora suspender ou parar o pagamento das pensões dos ex-militares", acusou.

"Os angolanos estão convencidos que todos estes problemas só serão resolvidos com a mudança do regime político em Angola. Não há mais outro remédio", disse ainda, para logo depois acrescentar que "há a clara perceção" que o país está a "atravessar o fim de uma era" e que já se está a entrar "numa fase de transição para algo diferente".

"Angola quer um novo Governo para servir os angolanos. Um Governo que trabalhe para o povo, um Governo que sirva os angolanos e coloque o angolano em primeiro lugar na sua agenda política e social", enfatizou o líder da UNITA, que discursava na presença de representantes de vários outros partidos da oposição, mas sem a presença, anunciada, de qualquer elemento do MPLA.

Insistiu que a auscultação da população conclui que "todos os extratos sociais indicam que Angola quer a mudança" e que o país está "preparado".

"Os angolanos perderam a confiança no sistema judicial, porque os assassinos estão a ser absolvidos e os inocentes é que estão a ser condenados. As pessoas estão a ser presas, perseguidas e mortas só por pensarem diferente e os juízes continuam a ditar as sentenças, cumprindo ordens superiores", criticou, num discurso a que a assistiu o presidente do Tribunal Constitucional angolano, o juiz Rui Ferreira.

Enumerando várias medidas para "aprofundar a democracia em Angola", começando por "libertar os órgãos de comunicação social públicos da tutela do partido-estado" ou estabelecer as autarquias locais no país e a "despartidarização do aparelho do Estado", Samakuva apontou, perante a ovação de uma sala com mais de mil pessoas, a que disse ser a mais "poderosa e eficaz" de todas: "mudar o regime nas próximas eleições gerais previstas para 2017".

Na mensagem de abertura do congresso, o líder da UNITA assumiu que o partido e os angolanos "amadureceram" nos últimos anos, colocando sempre a tónica nas próximas eleições gerais.

"Os angolanos já não querem ir atrás das promessas fáceis porque já estão cansados e não querem mais ser enganados", concluiu.