Luanda - Marcou-se nesta quinta-feira por volta das 9h55 o décimo quarto dia das sessões do julgamento do caso 15 + 2. O reu da fita de hoje foi o Arante Kivuvu, que obedecia a sequência do seu julgamento, que teve início ontem. O jovem activista de 22 anos de idade e estudante de filosofia da Universidade Agostinho Neto começou a ser questionado pelo juiz.

Fonte: CentralAngola7311

Juiz: Porquê disseste que o poder emergente seria uma democracia, em que o povo, com base na proposta apresentada pelo grupo, poderia decidir o futuro da nação?
Arante: Nada a declarar, meritíssimo.

Juiz: Porquê disseste que o destino que seria dado ao governo e o presidente destituído seria de proteger as vidas destas pessoas, do governo, e da família do presidente destituído, dando-lhes oportunidade de viver numa Angola livre?
Arante: Nada a declarar

Juiz: Porquê disseste que não chegaram nem refletiram a ideia quanto a formação de governo?
Arante: Porque é a verdade.

Juiz: Porquê disseste que gostarias de estar numa sociedade onde é valorizada o direito a vida, onde o cidadão se sinta bem?
Arante: Sim meritíssimo, eu gostaria de viver numa sociedade assim.

Juiz: O senhor é ativista?
Arante: Sim, sou ativista.

Juiz: Há quanto tempo é ativista?
Arante: Não me recordo.

Juiz: O que fazes na qualidade de ativista?
Arante: Nada a declarar.

Juiz: Tens formação de ativista, onde exerces e se formaste?
Arante. Não tenho formação de ativista, exerço nos bairros de Luanda

Juiz: Qual o teu propósito no ativismo?
Arante: Consiste no fator cívico, de saúde e no factor do ambiente.

Juiz: Qual é o teu papel na qualidade de activista cívico, de saúde e ambiental?
Arante: Como cívico era de mostrar ou ensinar as pessoas a respeitar a constituição. Como ativista de saúde eu participava na campanha de vacinação. E como ativista ambiental, eu reunia os jovens para campanha de limpeza de lixo nos bairros.

Juiz: Qual foi o teor do debate?
Arante: Nada a declarar.

Juiz: Porquê participaste nos debates na livraria?
Arante: Porque foram debates académicos.

Juiz: O quê são debates académicos?
Arante: São debates de natureza dum livro científico.

Juiz: Vocês abordaram de tema político nos debates?
Arante: Nada a declarar.

Juiz: Você projetou fazer uma manifestação?
Arante: Não, meritíssimo.

É de costume nas sessões, que após o interrogatório feito pelo juiz, dá-se o ensejo ao Ministério Público (que tem feito a acusação) para fazer as suas questões. Tão logo o representante do ministério público ganhou a faculdade de questionar o réu, este declarou com nobreza que não vai responder a qualquer questão do Ministério Público. Mas o digno representante cumpriu o seu papel mínimo de ler as questões mesmo sem respostas do réu.

Depois do habitual intervalo seguindo a parte das questões do MP o repórter cívico da Central 7311 foi impedido de voltar na sala para assistir o processo por agentes policiais, que alegaram ter recebido uma ordem superior de impedi-lo para entrar na sala. A justificação era, para esperar ter uma conversa com um chefe, um chefe que nunca chegou.

O próximo arguido a ser interrogado é o jovem ativista Albano “Liberdade” Evaristo Bingo Bingo.

Por: um repórter cívico da Central Angola 7311