Luanda - Se tivesse saído á rua neste sábado, o Correio do Sul registaria a edição número 5. Facto é mesmo é que o semanário produzido em Benguela e impresso em Luanda nem chegou a sair do prelo.

Fonte: MISA

Hoje, e sem muitos detalhes, um problema técnico foi o argumento evocado pelos responsáveis da gráfica junto dos homens da publicação. “...e não existe um tempo previsível para a superação da avaria, segundo fizeram-nos entender...”disse ao telefone, Nelson Sul d’Angola, director geral da publicação.


A Damer, S.A. é a mais moderna gráfica que o país tem neste momento. Sociedade anónima, combina interesses portugueses com angolanos, sendo por Angola seus capitais maioritariamente detidos por generais e membros do círculo presidencial, entre eles destacando-se o nome do gen. Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, que é o chefe da Casa Militar da presidência da República.

 

Observadores em Luanda consideram a desculpa técnica, um pretexto, sendo o conteúdo do jornal, destacado na sua capa a razão mais próxima.

 

Desde que iniciou em 2010 a aquisição dos jornais privados por novos proprietários, sobretudo ligados ao governo que não se registavam problemas desta natureza, como era evocação no passado, quando eram criticas as matérias de capa. Alem das tipografias pelo país, á data da independência, Angola herdou um moderno parque gráfico, já comandado por computador, que se deteriorou por falta de tratamento adequado.

Na vigência do partido-único-MPLA, o mercado gráfico contraiu-se, experimentando mais recentemente uma evolução para um regime de oligopólio, detido em absoluto por empresários ligados ao partido no poder. Neste regime, integrando o sistema de controlo de liberdades, as gráficas em Angola têm poder censório e não poucas vezes por antecipação, chegam a abortar publicações que contenham matérias críticas à figura do presidente José Eduardo dos Santos. O semanário “a Capital” era uma das vítimas, até alienado e alguns dos seus profissionais abandonarem a publicação, como Euclides Tandala.


Uma outra conhecida gráfica é a Litotipo, remanescente do parque gráfico do tempo colonial, que tem hoje entre os sócios, Aldemiro Vaz da Conceição, no círculo presidencial, responde pelos Quadros e Acção Psicológica. Em Angola, não se conhecem outras firmas-gráficas que funcionem neste momento. Produzido em Benguela e designado a atender o jornalismo regional, raro em Angola, o semanário Correio do Sul é a mais recente publicação, tendo como director um jovem jornalista, Nelson Sul de Angola.