Luanda - Antes de começar a me voluptuar (assim considero porque me dá algum prazer reflectir sobre situações que duma maneira geral suscitam alguma insatisfação), neste monólogo activo que acabam sempre em culminar em rascunhos linguísticos, como este que vou abordar convosco, neste artigo, vou pedir a ajuda do considerado “pai dos burros”, o tecnicamente chamado de dicionário, para definirmos juntos o termo coerência. Segundo o dicionário online da Porto Editora, de acordo ortográfico, coerência é “o estado ou qualidade de ser coerente”, para ser mais preciso, é o nexo entre dois factos ou duas ideias, conexão. Maravilha!

Fonte: Club-k.net

Ora vejamos, já está muito mais do que patente, o momento de deterioração económica que o nosso país atravessa. Por mais que eu não queira, mais uma vez me desenrolar neste artigo sobre a “famosa crise de cada dia”, em todos os lugares de convivência social, profissional do nosso quotidiano vamos acabar sempre por desencadear no termo crise: “Já não consigo sair do país “através” da crise”; já não como com frequência nos restaurantes “através” da crise”; “vou completar mais uma risonha primavera mas não vou conseguir reunir os amigos com a arromba de que estamos habituados por causa da crise”; “ vou ter de mudar os meus filhos do colégio para a escola estatal por causa da crise”… E entre outros argumentos que vão sempre desterrar na desculpa do momento, a desculpa evidente que está na moda: A crise.

Mas afinal de contas o que é que se passou? Houve má gestão dos honorários ou o dinheiro mesmo acabou? Houve muita falta de coerência e esperteza de nossa parte também para gerir “N” situações e evitarmos este desterro social e económico, porque em partes não temos a cultura do poupar e de gastar como nos é devido. Infelizmente, amamos a ostentação.

Há uns meses atrás, a nossa responsável pelo comércio fez uma abordagem sobre a situação económica do país na qual referiu sobre as questões dos cabazes de Natal. As importações, com a escassez da moeda estrangeira (dólar), estão cada vez mais complicadas. Aproveito agora e desejo coragem a todos aqueles que vivem disto, os “muambeiros”( os que fazem viagem para comprar e revender produtos) e os despachantes principalmente. As coisas não estão fáceis, não está a ser uma fase boa. As coisas vão mudar. Só temos de acreditar e trabalhar. Como ia dizendo, a responsável do comércio ACONSELHOU alguns empresários a não dar o tradicional cabaz de Natal aos seus funcionários, para evitarem, acredito eu, a rotura no stock financeiro da empresa dada a dificuldade de aquisição do “tal dólar” para pagarem os serviços de importação. Acredito eu que alguns patrões disseram “Ainda bem!”. Não é bem assim. Acredito estar legislado que, não obstante o cabaz não se fazer presente, deve haver alguma remuneração para a aquisição do mesmo ao nosso bom gosto.


Vamos, por favor, juntos analisar: O que trazem a maioria dos cabazes de Natal, senão alimentos, algumas iguarias, que em quase nada ou nada mesmo nos ajudam a melhorar a saúde? Não será esta crise, neste caso, oportuna para tentarmos mudar os nossos hábitos alimentares? Não acham que está mais do que na hora de passarmos do “comer” para “alimentar-se”? Não acham que será mais saudável para o nosso corpo físico sermos nós mesmo a edificar os nossos Cabazes de Natal da coerência? Produtos nacionais, pouco artificiais, para um bom momento de festa em família? Ou estamos nós mais preocupados com a famosa “tradição natalícia” das iguarias (bolos, refrigerantes, doces) que estes produtos que ficam muito em contentores para serem desalfandegados, e por culpa do “tal dólar” que de vergonha desapareceu, nos trazem? Há que sermos coerentes.

 

Meus caros, não nos preocupemos com aqueles envaidecidos que vivem na falta de coerência bem conspícua, bem patente, e que não justificam os bens que têm pelos salários auferidos. “Ganha pouco menos de 300 mil Kzs mas o carro está avaliado em 12.000.000 (Doze milhões de kzs), onde é que foi tirar tanto dinheiro?). Pensar nisso em nada nos ajuda mentalmente. Estaremos a divagar sozinhos ou em pequenos grupos sociais, encontrar nossas respostas e passar o tempo a refilar pela falta de respeito ostentativa de alguns perante a maioria. Pouco ou nada sabemos do que fazem para conseguirem os bens que têm. Se for na injustiça, já diz um ditado, “ A justiça tarda mas chega” e ela será feita. Quem sobreviver verá.

 

Portanto meus simpáticos leitores, não vamos nos alinhar na equipe dos poucos coerentes. A situação de facto não está fácil para a maioria. Não é a toa que até o nosso saudoso Presidente de Angola e dos angolanos, também sofreu um corte no salário, segundo fontes noticiosas.

“Quando a justiça chegar, ninguém vais se meter” já dizia o Larama, que bem conhecemos. Vamos gastar do que podemos e comer do que conseguimos, sem nos refastelarmos no aconchego do “fica só já assim” e do “vou fazer mais como”. Meu irmão, minha irmã, se não tem como sustentar alguns vícios, evita. Se teu salário não alimenta teu carro, vende e compra um que te dá jeito; se não tens condições (emprego), não namore ou case; vais engravidar, vais ter filhos e sem condições de sustento e depois vais murmurar dizendo que a culpa é do governo. Vamos só pensar assim: Se eu não procurar problemas não os terei. Se nos habituarmos a gastar de acordo ao nosso potencial salarial, pode vir qualquer crise que vamos aguentar. Jogo coerente, precisa-se.
Sejamos coerentes em tudo e estaremos a desafogar uma eternidade de situações desfavoráveis.

Reflictamos!

Edson Nuno a.k.a Edy Lobo, Licenciado em Língua e Literatura Inglesa