Lisboa – De entre todos os magistrados que participaram nos interrogatórios do processo do caso “Golpe de Estado”, pelo menos um deles, Luciano Cachaca Kumbua (na foto) foi citado por dois presos políticos (identidade propositadamente omitida), que o descrevem como um “carrasco”.

 Fonte: Club-k.net

Alegam ser uma pessoa maldosa e cruel 

Quando iniciaram os interrogatórios semanas apos a sua detenção, eram geralmente ouvidos por três magistrados. Um dos quais era o então sub-procurador Luciano Cachaca Kumbua, na altura dos factos, magistrado junto ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) cujo gabinete se situa largo do Kinaxixi, em Luanda.

 

Segundo revelação dos presos políticos aos seus familiares, no momento dos interrogatórios este procurador revelava falta de civismo, fazia ameaças dando a entender que os detidos não mais sairiam daquela situação carcerária por terem se metido com o poder do Presidente José Eduardo dos Santos (JES).

 

No decorrer, dos interrogatórios, o magistrado atendia telefonemas para supostamente receber orientações, sem a preocupação de mostrar etiqueta profissional. Os “revús” contaram ainda aos seus próximos que devido ao facto do procurador ter usado um telefone com o som bastante audível conseguiam escutar alguém do outro lado a dizer mais ou menos assim: “agora pergunta isso, e pergunta aquilo...”

 

Por sua vez, o procurador “carrasco”, ao receber as orientações, apenas respondia “Sim, chefe, sim chefe, vou fazer isso”.

 

Conforme entendimento, e sendo que Luciano Cachaca Kumbua apenas tem um único chefe institucional que é o PGR, general João Maria de Sousa, os “revús” presumem que o facto de receber telefonemas de vários “chefes”, aquele procurador deveria estar receber orientações de instituições da dimensão da Casa Militar da Presidência da República ou do Serviço de Inteligência Militar, chefiado pelo general José Maria de Sousa.

 

Desde então estes jovens ficaram mentalizados que o processo movido contra eles foi uma fabricação das pessoas que orientavam o procurador Luciano Kumbua que por sua vez instrumentalizaram o poder judicial para retaliação e vinganças.

 

A discrição que fazem em termo do magistrado Luciano Kumbua como sendo um “homem cruel” e “maldoso” não é alheia ao comportamento que teve a quando declarou como arguidas as únicas duas raparigas, Laurinda Gouveia “Lau” e Rosa Conde “Zita”, neste mesmo processo.

Quando interrogou estas duas jovens, o magistrado queria saber delas se tinha  alguma relação com a Euro-deputada Ana Gomes.

 

Fez-lhes também insinuações segundo as quais o regime angolano tem em posse informações de que grupos egípcios e franceses estariam a financiar os jovens do Movimento Revolucionário, com vista a fazerem de Angola, o mesmo que aconteceu em ditaduras de países árabes.

 

Por fim, o procurador “carrasco” as ameaçou para não divulgarem nenhuma informação sobre a sua nova condição de arguidas sob pena de lhes ser movido um outro processo criminal.

 

Adicionalmente ao caso do suposto golpe de Estado, aos 5 de Setembro do ano em curso, o portal Maka Angola divulgou informações de que o Sub-Procurador Geral da República, Luciano Cachaca Kumbua, acompanhado pelo especialista dos Serviços de Investigação Criminal (SIC) e o responsável da operação de detenção dos 15 presos políticos, Pedro da Graça Van-dúnem João, deslocou-se para Lisboa, Portugal, onde interrogaram, ilegalmente, o professor angolano Alberto Neto, proprietário do estabelecimento onde os jovens activistas foram encontrados a debaterem sobre activismo cívico.

 

Passado algumas semanas, a comunicação social em Angola anunciou que o Presidente José Eduardo dos Santos promoveu Luciano Cachaca Kumbua para o cargo de Procurador Geral Adjunto da República.