Luanda - Vários estabelecimentos comerciais dos conhecidos “Mamado ́s” na zona do Kifica, no município de Belas, em Luanda, estão a comercializar os seus produtos à porta fechada devido à onda de assaltos, assim como aos “pentes” policiais de que têm sido vítimas os expatriados oeste africanos.

 

*Ilídio Manuel
Fonte: Club-k.net

À primeira vista, ficamos com a sensação de que as portas estão totalmente fechadas ao comércio mas, à medida, que nos aproximamos das cantinas deparamo‐nos com um cenário diferente: as vendas estão a ser feitas por detrás das “grades do medo”. Ou seja, entre as pequenas aberturas dos gradeamentos das portas.


Entre os vendedores e compradores, na sua maioria residentes da zona, parece existir um código de comunicação, através do qual as partes estabelecem as suas relações comerciais.

 

A vaga de assaltos, na sua maioria protagonizados por jovens que se fazem transportar em motos “rápidas”, é de tal sorte que muitos comerciantes deixaram de escancarar livremente as portas dos seus estabelecimentos comerciais ao público, mesmo durante o período diurno.

 

Eles não só se queixam dos assaltos à mão armada de que têm sido como vítimas por parte dos assaltantes das “rápidas”, como também de uma série de extorsões de agentes policiais, a pretexto de não terem a sua situação migratória regularizada.

 

Queixam‐se também de agentes da Polícia Económica que têm usado uma série de artifícios para lhes “sacar” os seus proventos.

 

Dizem que os agentes policiais afectos à Divisão da Samba têm sido os seu maiores “carrascos” no que diz respeito aos “pentes”. “ Mesmo com todos os documentos legais, eles levam‐nos para lugares distantes dos nossos estabelecimentos comerciantes e exigem o pagamento de dinheiro para nos libertarem”.

 

“ Ao contrário do que se pensa, muitos de nós somos apenas empregados e do pouco que ganhamos temos ainda de enviar uma parte do dinheiro para os nossos familiares que ficaram nas nossas terras”, lamenta um dos cantineiros, que fala na condição de não ser identificado.

 

Alguns dos comerciantes pensam abandonar os seus negócios e regressar às suas terras de origem devido, em parte, à insegurança reinante, às extorsões policiais, assim como a cada vez mais crescente dificuldade em obter divisas para a importação de mercadorias.

 

A concretizar‐se este cenário, a população será altamente penalizada pelo que sentir‐se‐á obrigada a percorrer grandes distâncias para fazer compras.