Namibe - As autoridades angolanas continuam a ignorar os pedidos de familiares para o enterro condigno de vítimas de massacres ocorridos a 5 de Janeiro de 1993 no Namibe e Tômbua, disse o secretário provincial interino da UNITA na província, Justino de Carvalho.

Fonte: Voa
Centenas de pessoas foram mortas nesses locais quando a violência eclodiu, após as eleições de 1992. Familiares dizem que muitas da vítimas não pertenciam a nenhum partido.

No Tômbua, dezenas de pessoas foram aprisionadas dentro de contentores e morreram asfixiadas ou foram queimadas vivas. "Depois de ter sido recolhido para o saco-mar, onde deveríamos estar retidos, fui espancado, algemado, " conta José Gavino, um dos sobreviventes.

Natural da Huíla, Gavino conta que escapou, porque quando "desviaram daquele local para ser fuzilado no perímetro do deserto da Praia Amélia, a viatura onde me encontrava foi interceptada pelo então comandante Kim Ribeiro, que imediatamente deu ordens para me devolver no Saco-mar."

A UNITA planeia levar a cabo uma cerimónia em memória às vítimas, tal como fez, pela primeira vez, em 2015. Apesar das autoridades ignorarem os pedidos de enterro das ossadas das vitimas, Carvalho está convencido que um dia será possível.

O dirigente local da UNITA disse que o 5 de Janeiro é “uma data de reflexão” para todos no Namibe, “porque muitos viveram essa realidade”. O que se fez às vitimas “são coisas que não se fazem a nenhum ser humanos, mas aconteceu e por isso é uma reflexão que temos que fazer para isso não volte a acontecer”, disse.