Luanda - Desde logo, agradeço à Deus Pai, fonte infinita da vida e do perdão, sem o qual a minha existência nem sequer sonho seria. A história de nossa nação, foi marcada por intensos sacrifícios, foi, aliás, necessárias realizações inéditas que clamavam por uma liberdade plenamente patente. A escravidão é uma marca trágica insuportável para toda a humanidade. Porém, mesmo que ela trouxe algum proveito em gesto de civilização da cultura, deixou – a contagiada com memórias profundas de seu trilho alindado com o faro de um açoite e de um sofrimento que nem mesmo o tempo ou as circunstâncias fazem – se por esquecidos.

 
Fonte: Club-k.net

A ânsia de erigir um destino à luz da liberdade, foi paga com sangue, mártir e suor de nossos pais, ninguém, seja quem seja, nos pode tirar mais, a liberdade que herdamos de nossos ancestrais. Precisamos com este compromisso de pessoas que declaram – se libertas, enaltecer figuras que derramaram o seu sangue na manhã de quatro de fevereiro, em troca de suas vidas traçaram o destino que hoje Angola vive, os seus exemplos de sacrifício, firmeza e coragem devem ser exuberados por nós em prol de um país continuamente realizado.


Neste mesmo prisma, não ficam às costas figuras emblemáticas da liberdade, que com unhas e dentes, a todo custo procuraram ver Angola liberta do jugo colonial, seus destinos estão ligados aos nossos destinos, porque sem os quais, a liberdade estaria distante de ser efectiva, foram estas figuras que iluminaram Angola hoje liberta da escravidão, deram ao país um novo sentido, e modificaram o seu passado com suor e sacrifício inéditos, precisamos firmar por muitos anos a pessoa do Drº António Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto, que seus marcos foram decisivos no alcance da liberdade entre os angolanos. Significativamente, suas contribuições em prol do país definiram a projecção da liberdade em Angola. Contribuições estas, com uma magnitude cimeira no panorama histórico do país, com um pendor cultural e social que somente não aplaude quem não o quer fazer, e com precisão metafísica que transcendeu para nós, e o fará também aos nossos filhos, definindo de forma precisa o «modus vevendi» do Angolano.


Mas não nos seria justo, se denegríssemos o papel de muitos heróis que definiram o início da luta anti – colonial, ainda em épocas impossíveis e rudimentar, papel esse desempenhado, os constitui em heróis vivos, homens imortais que até cegos e surdos sabem em de cor o sacrifício porque morreram, e a causa que tanto se agarravam em defender, nesta orla tão inédita, encontram – se figuras relumbrantes e inesquecíveis nos catálogos históricos que definem uma vida que também é nossa, o papel desempenhado por Rainha Njinga, Ekuikui, Katiavala Buila, Ndunduma, Mandume, Muto ya Kevela, Ngola Nissari, e, outros  heróis, que com canhangulos e flexas se serviam em resistência face à invasão implacável do regime colonial.

 
Ainda hoje, sentimos os efeitos provindo de uma escravidão que já se foi há tempo. Como lacunas deixadas pela escravidão, observa – se a miséria ininterrupto, que assombra muitos de nossos irmãos, isso nos leva a concluir que, a prática colonial edificou no subsolo económico angolano raízes bastante profundas. Não há dignidade que se expressa na miséria. Não queremos que o destino de nosso país venha subsistir à custa de heróis.

 
As guerras explícitas e implícitas que foram mantidas por interesses externos e sempre estrangeiro, nos deixaram o saldo da morte no corpo, e, o pior, na alma que chora implacavelmente como enxergas de farrapos perdidos num ermo vazio. Ainda assim, a falta de esperança por um amanhã risonho, vive no olhar de multidões.

 
O colonialismo de nada bom deixou para nós, senão o português que hoje tanto nos une, nos define, nos comunica e nos torna irmãos, a escrita, e a civilização, o que deixou como cicatrizes em Angola é um crime com peso absoluto que lesa a humanidade, e faze – se crer de forma pública, que o mundo, tem uma dívida gigante a pagar para Angola e África, e que esta somente tem o seu preço pago com estímulos que sustentam a evolução de África e, Angola em particular, e na cura de todos os males que aqui vivem, e sem sombra de dúvidas tiveram sua origem no jugo colonial.

 
É preciso, que as maiores nações, proíbam com força imperativa o fabrico de engenhos como minas pessoais, que deixam na pessoa humana marcas que nem o tempo, nem a felicidade transbordante ultrapassam.

 
A tragédia da escravatura, obriga – nos a pensar em suas consequências, e a transferir seus efeitos a épocas actuais, em que suas marcas ainda pulam no nosso meio.

 
ESTA DEVERIA SER A PREOCUPANTE REFLEXÃO PARA O 4º DE FEVEREIRO HOJE.

Mas, de nada vale pensarmos no ressentimento, ou no passado, porque somente estratégias podem dar respostas às questões evidentes; neste âmbito, é pertinente que todo angolano reflicta sobre o quatro de fevereiro e traça um rumo para o amanhã, pois que, a mudança de cada um de nós dará lugar a mudança no seu contexto global, nenhum país cresce com homens privados de sonhos, talvez, seria como um pássaro que sem asas quer voar. É necessário pensarmos em ideias que venham dar ao país um novo rumo, o trabalho sem sonho, torna – se coxo, é necessário que se invista com seriedade na formação do homem, não por uma educação fictícia e que somente viva em papeis retóricos e nada transforma na pessoa do homem, mas, por uma educação séria, que prese pelo conhecimento, uma educação que transforma a escola numa verdadeira oficina de virtudes e sobretudo do saber. É preciso que lutemos de maneira permanente na melhoria da saúde em Angola, que ainda o início da qualidade não vive ao longo do seu alcance, é dos sectores mais frágeis que temos de unir esforços em todos os domínios para vê – lo transformado. Devemos a todo custo colocar em palco o poder da consciência em busca de mecanismos que afastem o país da crise que o sitia.

 
Se ontem nos libertamos do jugo colonial, hoje precisamos nos libertar da escravidão mental, precisamos mudar de atitude, precisamos fazer renascer o angolano no Angolano por uma Angola moderna e diferente em todos os domínios.

 
A situação do jugo colonial, deve ser ultrapassada com matérias que façam cicatrizar a curva das feridas do passado, sob tal projecção, o papel da igreja tem um valor preponderante, no âmbito do reparo e no concerto de defeitos morais e éticos de que herdamos por falta de alguém que de forma insistente consiga nos educar. A família, tem um valor que ninguém a substitui, é imperativo que voltemos ao passado, e que os pais cumpram o seu papel decisivo e cine qua non na educação do filho, ninguém se torna homem só, todos precisam ser educados à luz de seus pais.