Lisboa - As longas filas no Consulado-geral de Angola em Lisboa e o negócio ilícito de venda de senhas de atendimento fazem agora parte do passado, disse à Lusa a cônsul-geral, Cecília Baptista.

"Dantes, em Portugal, ganhava-se bem e agora está tudo mal"

O aumento dos postos de atendimento e, sobretudo, a instituição do atendimento diário para a recepção de pedidos de visto de entrada - os actos consulares mais solicitados -, explicam o fim da aglomeração de centenas de pessoas junto às instalações.

«Esta actividade dos vistos é vista por muita gente como uma actividade lucrativa, num trabalho absolutamente fora do controlo do Consulado, da demanda grande de pedidos de visto para Angola para fazerem disso um negócio», considerou Cecília Baptista.

Nestes dias, quem passa junto ao Consulado-Geral de Angola, em Alcântara, nota agora a presença de poucas dezenas de pessoas junto à entrada. Apesar das mudanças, ainda há quem insista em madrugar, como Jacinto Fortes, um manobrador de máquinas de 42 anos, que pretende abrir em Angola uma empresa de transportes rodoviários.

«Dantes, em Portugal, ganhava-se bem e agora está tudo mal. Tenho casa para pagar e já não consigo com as despesas que tenho», justificou. Agora, está «mesmo decidido» a ir para Angola.

O interesse dos portugueses em Angola manifesta-se no aumento regular de vistos concedidos, tendo sido aceites 17 mil em 2006, 21 mil em 2007, 26 mil em 2008, e desde Janeiro passado já foram aprovados cerca de 7 mil pedidos.

Até Dezembro de 2008, estavam registados cerca de 56 mil cidadãos portugueses nos consulados de Portugal em Luanda e Benguela, mas o número peca por defeito, segundo o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal/Angola, Carlos Bayan Ferreira, que estima em cerca de cem mil os portugueses que residem e trabalham no país.

Miguel Barreto, 40 anos, que vai embarcar no sábado para Luanda para criar uma empresa, com parceiros angolanos, disse à Lusa que o pedido de visto «afinal foi mais fácil do que esperava».

«Vim pedir o visto ordinário para entrada em Angola e pensei que fosse mais difícil. O atendimento é rápido», saudou.


Fonte: Diario Digital