Luanda - O jurista Albano Pedro depôs nesta Segunda-feira, 8,como declarante na retomada do julgamento dos 17 activistas angolanos acusados de rebelião e de prepararem um golpe de Estado.

*Coque Mukuta
Fonte: VOA

Ele pretendia apenas lançar um debate sobre personalidades capazes de gerir o país

Pedro foi convocado por ter tido a iniciativa de publicar uma lista denominada de Governo de Salvação Nacional que o Ministério Público está a usar na acusação contra os activistas.


Albano Pedro disse à VOA que a ideia de lançar um debate nas redes sociais sobre individualidades que poderiam integrar um Governo de Salvação visava apenas saber se Angola tem ou não alternativas para governar o país.

 

“Foi-me colocada a questão qual era a minha intenção ao lançar o debate e eu disse que era fazer uma sondagem e saber até que ponto é que há políticos de referência e como se viu na lista apareceram pessoas idóneas, o que mim significou que o objectivo foi atingido”, explicou.

 

Pedro disse ter deixado claro ao tribunal que a lista não foi iniciativa dos 17 jovens que estão a ser julgados.

 

Apesar do feriado do Carnaval, o julgamento continua amanhã, segundo o juiz.

 

GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL: A BRINCADEIRA QUE FICOU SÉRIA !

 

Acabei de prestar o meu depoimento como declarante do processo n.º142/15-A, conhecido como o processo dos 15+2 depois de permanecer nas instalações do tribunal por cerca de 5 horas a espera de ser chamado à Sala de Audiência do Tribunal. Maria Luísa Rogério, Vladimiro Russo, Mihaela Webba e eu (Albano Pedro) fomos as únicas presenças do primeiro dia marcado (08/02/2016). Apesar de ter sido mal notificado ( o que me levaria a não comparecer em tribunal) me predispus a tudo fazer para colaborar com a celeridade do processo, uma vez que se alega que os declarantes ausentes estão a atrasar o julgamento. Ficou esclarecido que a lista do GOVERNO DE SALVAÇÃO NACIONAL constante do processo é semelhante a uma das listas formadas ao longo do debate no meu perfil do facebook. O debate teve a participação de vários internautas que forneceram nomes e compuseram as listas (cerca de três listas).

Portanto a lista que consta do processo crime não é nem da autoria exclusiva dos réus (15+2) e nem minha. Surgiu da contribuição de vários interessados alguns dos quais estão detidos e a maioria dos quais não conheço e nem foram notificados a comparecer em tribunal. Estranha que uma das listas com uma maioria de membros do partido no poder não tenha sido levada em consideração e os seus autores ou os seus integrantes não tenham sido chamados a depor. De qualquer modo, a maioria dos nomes propostos pelos diferentes participantes não teve participação directa no debate. Aquilo que foi uma intenção académica de avaliar se os angolanos têm referências politicas (uma reserva moral de indivíduos que podem servir a pátria em caso de crise política) que seria parte de um artigo de análise política que estava a preparar para publicar, acabou sendo interpretada como elemento de um crime.

Felizmente o Ministério Público e o Tribunal ficaram mais esclarecidos sobre a situação. Com essa situação até perdi o gosto de publicar o artigo. Vamos esperar o fim do julgamento a ver no que vai dar. Para os meus detractores que se precipitaram em condenar-me sem provas ventilando suposições e falsidades de intriguistas acusando-me de uma autoria sem nexo aqui fica o meu desprezo. Agradeço muito sinceramente aqueles que sempre acreditaram na minha verticalidade e honestidade pela forma como enfrento a realidade política angolana. O meu abraço!