Luanda - Dia inolvidável para muitas delas, insignificante para os mais vividos e muito celebre para os supersticiosos, acredito. O dia 14 de Fevereiro, considerado como o dia dos namorados, data a quando da morte do então patrono dos namorados, São Valentim, no ano de 268 depois de Cristo. Vários factos são relatados sobre esta enigmática figura. Como a história muitas vezes é “estuprada” por quem conta, muitos simplesmente acreditam no que a maioria das pessoas diz ignorando a vontade de investigar um pouco mais sobre factos relacionados.

Fonte: Club-k.net

O dia de São Valentim é considerado, até então, dia dos namorados, dos apaixonados, daqueles que acreditam em vida melhor à dois, dia daqueles que logram futuramente tornarem‐se num só corpo e numa só alma, no projecto de felicidade comum como o mais apropriado. Mas é um dia “normal” como um outro qualquer mas que agora tem sido aproveitado para o comércio à retalho e a grosso de iguarias insignificantes até aos mais duvidosos em termos de demonstração de afecto. Namorar, como dizem alguns entendidos da matéria, é todos os dias. Sai a ganhar quem faz todos os dias da sua vida o dia 14 de Fevereiro. Este se calhar será poupado no dia oficial.


Infelizmente, estamos a cada que passa perdendo a essência do que é namoro. Se o patrono do tão belo dia pudesse por um instante voltar a vida, acredito eu que tudo faria para voltar ao túmulo dado o significado que muitos de nós atribuímos ao termo namorar e ao seu dia. Era um dia que era recordado com cartinhas de amor, juras apaixonadas frisando cada vez mais o amor que cada um sentia pelo outro prometendo uma vida à dois em comparações com o paraíso de Adão e Eva onde apenas comer a maçã daquela árvore maldita era proibida e todo o resto era uma bênção. Cartinhas em papel perfumado, letras que suavam paixão, davam brilho aos olhos da mulher que lia, tornando um momento substancial e depois de lidas com alguma emoção eram guardadas como se de um diamante se tratasse. Hoje dar uma carta manuscrita a uma namorada ou pedir ao namorado para manuscrever uma carta como prova de amor é colocar em dúvida se ela sabe ler ou se ele sabe escrever. Problema que vais arranjar.


Infelizmente com o andar dos tempos, as exigências têm sido cada vez maiores. As ofertas também. Os namoros/relacionamentos estão cada vez mais materialistas. Palavras vindas do coração estão a cada dia que passa uma vez pronunciadas esvaindo‐se pela atmosfera. O dito não materializado já não é tido como verdadeiro, tal igual as justificações ditas sem juras imaturas. Já não há conexão das palavras com o coração. Parece que algumas pessoas desde que começaram a namorar aprenderam a mentir. A mim parece que estamos a viver o namoro da “prova dos 9”: Se me amas, prova! A prova que te é dada, mais, preferia eu, aquelas trigonometrias do Pitágoras frustrado.

Amor platónico. Agora como suportar tal platonismo em tempos de crise? Ali começa o segundo capítulo da novela “O amor tudo suporta”. Todas as desculpas vão surgir, das mais fúteis as mais ajeitadas. Neste dia, 14 de Fevereiro, os pombinhos mentem com tamanha mestria que ate o próprio diabo questiona‐se se foi ele quem inventou a mentira. Tudo acontece com os cães que adoram levar dois ossos só para não se fazer presentes no canil de raiz. Ter relacionamentos clandestinos neste dia é sentir na pele o cahombo (gindungo) de Benguela. Uns começam a namorar, outros terminam, outros (as) ainda sobrepõem‐se ao facto de não serem assumidas perante a sociedade, mas desde que estejam a ser felizes, o mais importante é viver. Mulheres há as que sabem o tipo de companheiros têm e já se acostumaram no “âmbito” da preservação do lar, porque desde que o tal companheiro adquiriu a doença do “mulheris‐viciante” nem com as ladainhas poderosas de Nossa Senhora das causas perdidas se se recupera a alma.


Nesta senda, algumas boas mulheres também adquiriram o mal da mentira e têm dado “treinos rijos” a alguns homens. Não sei se é fruto de muito relacionamento sofrível mas que estão a mentir que é uma coisa louca, lá isto estão.

Sob promessas de carinho e amores platónicos vai sobrevivendo o dia de São Valentim. E agora que a crise se acentua, peguemos leve nas exigências da prova de amor. As deslocações estarão mais complicadas porque os combustíveis sofreram reajustes dolorosos. As redes sociais terão um papel importante. Unitel e Movicel, queridas redes de telefonia móvel, por favor, não é Natal e nem é passagem de ano. Portarem‐se bem. Nada de criarem dificuldades na comunicação sob pena de desacreditarem muita boa gente.


Tentar um 14 de Fevereiro, dia de santo, sem mentiras é como viver o dia 1 de Abril, dia das mentiras, dizendo a verdade. Nem adianta ficar atento(a), meu irmão, minha irmã... “VÃO TE MENTIR NA MESMA”. FELIZ DIA DAS MENTIRAS... OOPS FELIZ DIA DOS NAMORADOS! Edson Nuno a.k.a Edy Lobo