Luanda - Os setes declarantes ouvidos hoje no andamento do processo dos 15+2 activistas que estão a ser julgados por crimes de actos preparatórios de rebelião e atentado contra o presidente consideram uma “brincadeira” o facto de terem os seus nomes inseridos na lista do suposto Governo de Salvação Nacional.

Fonte: RA

No tribunal, o nacionalista Ngola Kabango, o economista Carlo Rosado de Carvalho (na foto), o professor Carlinhos Zassala, o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco, Adriano Sapiñala, o historiador Patrício Batsîkama e o rapper MCK, afirmaram todos terem tomado conhecimento do tal governo por meio da internet, propriamente o Facebook.


Na audiência, que começou às 12h30 minutos por causa dos atrasos dos réus, os declarantes – todos notificados por intermédio de um edital publicado no Jornal de Angola – disseram que não foram solicitados para ocuparem cargos no mesmo governo.


Em declarações à imprensa, Carlos Rosado de Carvalho disse que houve pouca investigação sobre a existência do governo de Salvação Nacional. O economista questionou a razão do Tribunal de chamar mais declarantes para responderem a algo que presume não existir, uma vez que na segunda-feira, o jurista Albano Pedro, que é o mentor do debate sobre as figuras políticas de referência que resultou na criação da lista onde constam o nome de várias personalidades, já ter esclarecido o assunto.


“Se existisse uma investigação mínima, teriam chegado a conclusão que este governo não existe”, afirmou Rosado de Carvalho.


Já Ngola Kabango, que figura no projectado governo como ministro dos Antigos Combatentes, disse que conhece muito bem os meios legais para se chegar ao poder político. Por isso não diz que nunca manifestou intenção de fazer parte do alegado GSN.

“Acho aquilo uma brincadeira. Não sou um homem de brincadeira, sou um homem sério”, disse o antigo dirigente da FNLA que chegou ao Tribunal Provincial de Luanda, no Benfica, às 8h, e foi ouvido somente às 13h.


Para evitar os atrasos e ausências dos réus nas audiências, o juiz Januário Domingos, em função da desculpas apresentadas pelo Mbanza Hamza, que não compareceu na sessão passada por alegadamente não ter dinheiro para deixar com a família, orientou os arguidos a dirigirem-se ao cartório da 14.ª Secção dos Crimes Comuns para reverem os requerimentos feitos pela Defesa a solicitar vários bens dos réus.

O Rede Angola soube no local que o tribunal já autorizou a devolução dos materiais como computadores, bilhetes de identidades e cartões bancários dos activistas, mas até ao momento o Serviço de Investigação Criminal não devolveu os bens aos proprietários. O RA apurou ainda que os requerimentos da Defesa não apareceram e que os advogados agora devem apresentar comprovativos de entrega do referido documento.