Luanda - O ministro da saúde, José Van-dúnem, afirmou hoje, domingo, que devido à insuficiente quantidade de vacinas a prioridade deverá ser dada às crianças e àquelas pessoas que nunca foram vacinadas, sem descurar que em casos de epidemias toda gente deve ser imunizada.

Fonte: Angop

Falando no fim da reunião de balanço sobre a situação epidemiológica da febre-amarela que assola Luanda desde Dezembro passado, o ministro afirmou que toda a população de Luanda deverá ser vacinada, mas prioridade para as crianças, as pessoas que nunca foram vacinadas e aquelas que possuem cartões e nunca receberam a vacina, assim como as mulheres com nove meses de gestação.

 

“Está recomendada tecnicamente que as crianças sejam vacinadas a partir do sexto mês e toda a gente, excepto pessoas que estejam a fazer tratamento com medicamentos contra o cancro ou que são imuno-deprimidas, porque o benefício é muito maior do que o risco”, sublinhou.

 

Neste momento, disse, a epidemia de febre-amarela está circunscrita a Luanda, pois os casos registados nas outras províncias têm todos vínculos epidemiológicos com a capital do país, o que quer dizer que "são pessoas que estiveram em Luanda e se infectaram e depois foram para as suas zonas de origem ou porque se sentiram mal ou porque têm mais confiança nas estruturas sanitárias locais".

 

“São maioritariamente pessoas que vieram para o Mercado do Trinta vender os seus produtos ou comprar para levar para as suas províncias. Na sua maioria dormem em carros para vender os produtos ou em casa com condições de habitabilidade não muito boas, mas que são baratas e isto vulnerabiliza-as com relação à picada do mosquito”, frisou.

 

Acrescentou que, apesar das intervenções efectuadas em Viana, em particular no Mercado do Trinta, a população de mosquitos daquela zona ainda é bastante elevada, razão pela qual, mesmo tendo sido fechado o mercado, a administração de Viana vai voltar a encerrar segunda-feira para mais uma grande intervenção, visando diminuir os mosquitos e, consequentemente, a possibilidade de as pessoas serem picadas.

 

José Van-Dúnem afirmou que não há vacinas suficientes, pois há uma instituição internacional que controla um stock mínimo de seis milhões de vacinas no mundo e quatro outras estruturas internacionais validadas para produzir vacinas para os países e elas só produzem para a vacinação de rotina e não para casos de epidemias.

 

“No caso, Luanda tem seis milhões de doses, mas se for para estender o país inteiro já seriam 24 milhões e terá que ser esta instituição a pedir o reforço complementar a uma das quatro estruturas validadas para aumentar a produção de vacinas, para complementar esta escassez que o país enfrenta”, explicou.

 

Tendo-se o domínio desta situação, reforçou, tem que se entender que a população de Viana deve ser a primeira vacinada e depois aqueles que nunca foram vacinados e estão nas prioridades e progressivamente vai se alargar para os outros municípios até cobrir a cidade toda.

 

Por outro lado, sublinhou o ministro, deve-se ter a preocupação de dar a todos a oportunidade de não contrair a doença e aqueles que já têm a vacina, seja nova ou no período dos dez anos. "Estão mais protegidos, mas nas situações de epidemias deverão ser revacinados", acrescentou.

 

Para o reforço da imunização, o ministro afirmou que as unidades sanitárias que têm vacinação de rotina deverão criar postos para que as outras pessoas possam ser atendidas, porém de modo inteligente para não haver roturas.

 

Sublinhou também a necessidade do reforço das acções de informação e da responsabilidade que cada um deve ter para não criar mosquitos em casa, não deixar o tanque de água destapado, pneus velhos e sempre que possível a porta fechada, pulverizar a casa com insecticida, sendo formas de lutar contra o mosquito, seja em estado de larva como adulta.

 

O ministro aproveitou a oportunidade para apelar ao bom uso do Bactivec (desinfectante para água parada) e o uso do mosquiteiro, porque não só previne a febre-amarela como também o paludismo, a dengue, o chikungunha e o zica, por isso, deve-se combater drasticamente o mosquito.

 

Quanto às demais províncias, o governante disse que se está a fazer um estudo para se determinar qual o tipo de mosquito que existe localmente, porque, por exemplo, em Caluquembe (Huíla), apesar de terem surgido casos de febre-amarela, viu-se que na localidade não existe o mosquito Aedes Egypti, o que torna nulo o risco de haver transmissão por este vector.

 

Reconhecendo que o lixo também pode estar na base da proliferação de doenças, José Van-Dúnem apontou que as administrações sozinhas, com os recursos limitados, não teriam a capacidade de mobilizar boas vontades para dar um empurrão na melhoria do saneamento, por isso tem de se mobilizar as pessoas para fazerem boa gestão do seu lixo, recolher e tratar os resíduos sólidos