Carta aberta ao Ex.mo Senhor Presidente

José Eduardo dos Santos

Presidente da República de Angola

Luanda, aos 14 de Fevereiro de 2016
Assunto: A vida está difícil

Ex.mo Senhor presidente, antes de mais nada gostaria que essa carta lhe encontrasse de boa saúde e disposição a si e sua família.

Senhor presidente o que me leva a escrever para si, é na verdade a carência de vida que a cada dia tem assolado a nossa sociedade em geral sobretudo os mais vulneráveis que não beneficiam do saque feito aos cofres do estado e nem têm um salario digno. Quando tem trabalho, vão vendo suas vidas a correr perigo, visto que a cada dia que passa é notório o desespero dos angolanos por causa da subida incontrolável dos bens e serviços de primeira necessidade.

Para mim é preocupante o silencio dos governantes que ao meu ver são os principais causadores deste descalabro social atendendo a má gestão da coisa publica.

Esse silencio preocupa-me porque vem comprovar aquilo que muitos e bons pensadores, intelectuais e até cidadãos comum vem defendendo ao longo desses 37 anos em que o senhor presidente e o seu MPLA desgovernam esta Angola que, ate é uma terra abençoada e rica em termos de recursos naturais.

Precisa-se pensar e olhar para Angola como terra de todos e não como quinta privada de um punhado de afortunados que nem investir aqui conseguem.

Lembro-me como se fosse hoje do saudoso Dr, Jonas Savimbi á avisar-nos sobre a má gestão da coisa publica nos longiquos anos 90. Aviso este que hoje tem vindo a se tornar realidade, facto este que me faz pensar que o mesmo era vidente.

Vejamos: em menos de um ano o Angolano perdeu o poder de compra pois sendo quase impossível completar a cesta básica na sua dispensa pois, sobe o preço do pão, sobe o preço dos combustível mas o do salário não.

Hoje tornou-se mais difícil estudar para o angolano porque até os preços das universidades aumentaram galopantemente aos olhos do governo, havendo muitas desistências por parte daqueles estudantes universitários que já se encontravam inseridos no sistema.

Que pais queremos afinal quando a educação é mais cara cada dia que passa para uma população cada vez mais pobre?

Por exemplo hoje o saco de arroz de 25kg que anteriormente custava 2100kz chega a custar entre 8500 á 12.000kz dependentemente da área em que se vive. A caixa de óleo que custava 1200kz hoje custa 6000kz e o pão que custava cada 10 kz hoje custa 25kz, para o desespero do Angolano que cada dia que passa se vê de mãos atadas, pois o próprio governo que devia velar pela regulação dos preços deixou o país entregue a bicharada.

E o mais agravante é que já se ouvem relatos de actos de violência envolvendo os cidadãos em busca dos bens de primeira necessidade em províncias como Cabinda Benguela e até mesmo cá na capital do país, os armazéns e lojas tem limitado o numero de bens que cada cidadão deve levar, por formas a manter o stock durante muito tempo, fazendo lembrar o tempo do partido único onde era necessário ter um cartão e aguentar longa filas para ter os bens essências. Representando assim um retrocesso civilizacional para o nosso país.

Senhor presidente, se não tiver em conta a situação actual do país que é fruto da má governação, e não elaborar medidas, e adoptar políticas que visem a inversão desse quadro, continuaremos a cair no abismo sem fundo onde certamente chegaremos a um ponto de saturação onde certamente cabeças irão rolar e é uma pena que seremos sempre nós os pobres os mais visados e vulneráveis, pois, o saque do erário publico tornou-vos bilionários num abrir e fechar de olhos e desgraçou a maioria dos Angolanos

Sem mais assunto de momento agradecia a vossa atenção face a essa situação