Luanda - Um grupo de funcionários, que laboram na ENI, consideram existir uma política discriminatória na empresa italiana de Hidrocarbonetos em relação aos quadros angolanos, sobretudo os que possuem formação superior. Em carta recentemente enviada ao Club-K-Angola, os subscritores, que pedem para não serem identificados, denunciam a arrogância do director-geral, o italiano Guido Brusco, e dizem que reina um “clima do medo e desconfiança” naquela empresa.

Fonte: Club-k.net

Eis o teor da missiva:

Somos jovens angolanos licenciados no exterior do país, no ramo dos petróleos. Estamos profundamente desiludidos com a ENI, onde, para além de existir há vários anos de uma política discriminatória e hostilização dos quadros angolanos, paira também o medo e desconfiança entre trabalhadores.

Mais de 90% dos directores e chefes de equipas na ENI não são licenciados, no entanto eles fazem-se passar por mestres de universidades italianas. Como assim?

Há uma falta de interesse em promover o crescimento profissional dos angolanos, estando em curso acções técnicas de pura máfia, uma das quais consiste no envio de técnicos médios e estudantes do 1.º ou 2.º ano das faculdades para a Itália, a fim de frequentarem cursos de 6 meses a um ano. Depois dessa curta formação, são promovidos para cargos de managers, team leaders, sem no entanto reunirem condições para prover tais lugares, pois, na realidade, eles têm sido usados como tampão entre os expatriados e quadros angolanos com formação superior.

Existe, de facto, uma política deliberada no sentido de não promover os quadros nacionais competentes, ou seja, há uma espécie de filtro que os impede de assumirem cargos de responsabilidade. Caricatamente, os quadros nacionais têm sido avaliados anualmente por um responsável angolano que, em troca da sua subserviência aos expatriados italianos, beneficia de uma casa da empresa, motorista para ele e família, salário chorudo e outras mordomias.

A Direcção dos Recursos Humanos da ENI tem servido também para satisfazer interesses familiares da directora dessa área, tendo a mesma criado um staff de sua conveniência onde desfilam uma irmã sua, alguns cunhados, primos, comadres, etc. O “esquema” de promoção de familiares de competência duvidosa estende-se igualmente a outras áreas da empresa.

Os atropelos à lei são uma constante na ENI, sendo o caso mais recente a expulsão dos representantes da Comissão Sindical, por terem defendido a actualização dos salários e melhores condições de trabalho para os funcionários angolanos. Onde tem andado O MAPESS, o Ministério dos Petróleos e a Sonangol? Estão em cima do muro ou já foram comprados?

Do nosso ponto de vista, não está em causa as relações entre Angola e Itália, nem entre a Sonangol e a ENI, mas sim o interesse nacional, a defesa de cidadãos angolanos, pelo que se impõe a intervenção das autoridades afins.

De tantas injustiças, deixamos de depositar confiança nas auditorias que os italianos têm feito periodicamente em Angola, visto que as mesmas estarão a servir apenas para confirmar a estratégia por eles (bem) montada que visa prejudicar os muitos quadros angolanos.

Como entender que vários quadros nacionais que abandonaram a ENI têm feito carreiras brilhantes noutras multinacionais do ramo, incluindo a Sonangol? Quem defende os nossos interesses nacionais?

Os Subscritores