Malanje – Finalmente, o Francisco Pedro está exonerado do cargo de director da Rádio Malanje. Com isso, os funcionários consideram uma medida acertada, depois de quase três anos de ambiente de hostilidade que se viveu naquela emissora provincial do Grupo RNA.

Fonte: Club-k.net
Se não fosse o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Rádio Nacional de Angola, Henrique dos Santos, a decisão teria sido tomada há bastante tempo. Porém, “mais vale tarde que nunca”.

A nomeação de Osvaldo da Paixão que até então, exercia o cargo de Chefe de Produção da Rádio Kwanza-Norte, foi recebida com bastante satisfação pelo colectivo de trabalhadores da Rádio Malanje, que de agora em diante, dizem estar mais animados para o trabalho, no sentido de recuperarem a qualidade de produção e a boa imagem que sempre caracterizou a casa.

A cerimónia de apresentação do novo director, ficou profundamente manchada com o posicionamento da entidade máxima da RNA, Henriques dos Santos. Após o clima tosco que se viveu com o ex-director, Francisco Pedro, quando se pensava ser um acto de conciliação e/ou abrandamento de ânimos, o chefe grande optou por um discurso musculado, intimidatório e, até mesmo, humilhante, que deixou os funcionários completamente atónitos, perturbados e amuados.

Vezes sem conta, Francisco Pedro o seu ex-mandatário, apregoava e bradava aos quatro ventos,  para justificar as suas grosserias.

Durante o acto de apresentação do novo director, tudo ficou claramente esclarecido. O chefe Henriques dos Santos  deixou claro que além das transferências compulsivas que procedeu a três funcionários seniores, que segundo ele, estiveram na base do movimento reivindicativo que culminou com a exoneração forçada do seu “kamba diá muxima” (amigo do coração), outros seguir-se-ão e/ou despedidos.

O chefe grande descontente com a exoneração que ele mesmo rubricou contra o seu amigo, se dignou em tecer elogios ao “Chiquito” pela sua grande capacidade de gestão e dos grandes avanços tecnológicos que terá emprestado à Rádio Malanje, curiosamente, algo que só ele viu e ninguém mais comprova. De seguida tratou de chamar ingratos a certos trabalhadores, a quem ele mandou entregar valores monetários, pensando que ao fazê-lo, estes jamais se oporiam aos afazeres do seu kamba, Chico Pedro, independentemente da gravidade dos seus actos.

Afinal, pela atitude e pronunciamento brejeiro do senhor Henriques dos Santos, segundo os funcionários, ficou explícito de que, ele mesmo, o próprio PCA da Rádio Nacional de Angola, é o autor moral dos problemas que a Emissora Provincial de Malanje vivenciou.

Pois, não soube esconder o quão enraivecido ficou, ao ter sido forçado a exonerar o seu amigo de ‘dedo e unha’ Francisco Pedro, contra quem foi travada uma intensa campanha pela sua substituição dentro e fora do órgão, em função de ter esmurrado, em Dezembro de 2015, um subordinado em pleno centro de trabalho.

Aliás, é a segunda vez que Henriques dos Santos se reúne com os trabalhadores daquela emissora provincial apenas para proferir ameaças. Já foi assim em 2013 após os dois abaixo-assinados, que visavam pôr fim a prepotência de Chico Pedro que destratava os colegas, quando nem 6 meses tinha no cargo.

Ora, nos tempos que correm, a figura do chefe que manda, pode e (des) faz, está a se diluir no espaço e no tempo. Daí que um órgão de comunicação social, ademais, com a dimensão da RNA, não é uma organização qualquer, de gente meramente assalariada que se preocupa tão-somente com o pão de cada dia.

Se antes para ingressar os quadros da RNA, bastava que se tivesse, no mínimo, a 8ª classe, hoje por hoje, a realidade é outra. A cada ano que passa o nível académico e profissional dos trabalhadores evolui e, por arrasto, as exigências profissionais, em consonância com direitos e deveres são, amiúde, maiores. Por isso, quem for chamado a dirigir os destinos do órgão, deve estar habilitado à liderança. Tem de ter a capacidade de digerir problemas e gerir homens.

Os funcionários da Rádio Malanje, duvidam da capacidade e competência do PCA para estar à frente dos destinos da Radiodifusão Nacional de Angola. Dizem que casos de reivindicações contra directores, sempre ocorreram em várias emissoras provinciais do Grupo RNA, porém geridos por outros dirigentes do órgão, foram sempre sanados ao benefício da empresa, sem prejuízo para os trabalhadores.

Eles consideram que a Rádio Malanje nos últimos três anos perdeu fulgor produtivo por culpa do carácter paternalista, do Eng.º Henriques dos Santos.

Com alguma nostalgia recuam no tempo, recordam o pragmatismo e a visão do Dr. Manuel Rabelais, que sempre que fosse à Malanje dava solução aos problemas da emissora e resolvia as inquietações individuais e colectivas dos profissionais, uma postura que segundo afirmam, contrasta de longe com a forma de actuar de Henriques dos Santos, cuja imagem, ele mesmo, faz questão de desgastá-la, quiçá…, por mera ignorância do seu real papel; pela pobre noção de relações humanas, pelo desconhecimento da importância estratégica do órgão ou falta de sentido de missão.

Ainda assim, os funcionários daquele órgão de comunicação social, não escondem a satisfação de receberem o novo director e reafirmam a disposição de trabalharem a tempo inteiro sem quaisquer constrangimentos. Para eles, o ex-director Francisco Pedro é um caso que passa para os anais do esquecimento, por não deixar saudades a ninguém. Ou seja, “rei deposto, rei morto!”

Quanto ao Presidente Henriques dos Santos, pedem para ficar descansado por não terem nada contra ele, mas que deve rever a sua atitude em relação aos funcionários da Rádio Malanje, porque – segundo os mesmos – “os homens passam, as instituições ficam.”