Luanda - O mukongo ou nkongo e uma pessoa pertencente a etnia Kikongo. Esta etnia e uma das maiores que constituem o grupo Bantu, segundo os etnologos. Os bakongo ou akongo, plural de mukongo ou nkongo, constituíram o Reino ou Império do Kongo (Wene wa Kongo) cuja superfície estende-se de Angola ao Gabão, abarcando os Congos Kinshasa e Brazzaville.

Fonte: Club-k.net

O mukongo tem a fama de ser bravo, intrépido, corajoso e poderoso. Foi o mukongo que deu o ponta-pé de saída dos processos das independências dos dois Congos acima citados e de Angola.

Os bakongo, nomeadamente, Andre Masuwa e Massamba Debat no Congo Brazzaville, Simão Kimbangu, Joseph Kasa-Vubu, Pierre Kingotolo, Nzenza Nlandu, Daniel Nkanza, para o Congo Leopoldville, Simão Toko, Alvaro Buta, Mbiandangunga, Eduardo Pinock, Barros Nekaka, Holden Roberto, o reverendo protestante Andre Masaki, Emmanuel Kunzika, Ndombele Ferdinand, para Angola, são alguns dos pais das independências dos referidos países.
No campo militares, a bravura dos guerrilheiros akongo e indiscutível.

Nomes sonantes de guerrilheiros como Kindoki, Londres, Afamado, João Ngingi, Margiso, Kolua, Kioto, Tiro-a-Tiro, Baka-vioka, Mabuatu, Nzambi Ozengawo, Monimambo, etc. arrancaram com seu suor e sangue a independência de Angola.


Muitos outros guerrilheiros com andrajos, descalços e armas rudimentares locais como Kimbundu ou Kayangulu, catanas, machados e mocas enfrentaram destemidos um exercito português poderoso, bem treinado e armado pela OTAN (Organização do Atlântico Norte).


Depois da Independência, estes lideres políticos e guerrilheiros foram abandonados e muitos deles, frustrados, morrem como cães de crises cardíacas, de tensão arterial e de AVC (trombose).


Os sobreviventes vivem na miséria profunda, muitos deles sem texto nem alimentação, pois nem a uma simples reforma de antigos combatentes teem direito.
Os que morrem, nem a simples necrologia ou anuncio fúnebre na imprensa lhes e reservada, para não falar em um segundo de luto nacional.
Sao enterrados em cemitérios do povo.

Em Angola, um funeral e um privilegio reservado para as "grandes" personalidades e o enterro para o povo ou os pobres. E os lideres políticos e militares bakongo são classificados como pobres, indigenas, rurais e atrasados.


Holden Roberto, presidente da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), morreu, e nenhum minuto de luto nacional foi decretado em sua memória; o mesmo aconteceu com o falecido Mfulumpinga Nlandu Victor, presidente do PDP-ANA (Partido Demicratico para o Progresso da Aliança Nacional de Angola).


Ambos tiveram um cheirinho de "honra", por, em vida, terem sido membros do Conselho da Republica.

Se foram conselheiros de José Eduardo dos Santos (JES), Presidente do MPLA e de Angola, este não lhes rendeu homagem.

O pior aconteceu com Emmanuel Kunzika, Presidente do PDA (Partido Demicratico de Angola) que coligou com a UPA dando origem a FNLA, que morreu recente e estranhamente em Luanda, depois de dar uma grande entrevista (de despedida) no programa memória da independencia da TVZimbo (TVNzimbu, em Kikongo).

Kunzika participou da luta pela independência de Angola desde os primórdios.

A imprensa angolana nem sequer falaram da sua morte e Kunzika foi enterrado no anonimato. Muitos governantes actuais do MPLA estudaram na escola de Koskima criada no bairro Focombel, em Leopoldville hoje Kinshasa, RDCongo, durante o tempo do exílio.


A escola pertencia a este líder político e era reservada aos jovens alunos refugiados angolanos.
Estes nem sequer apareceram no local do óbito.

Em termo da participação na luta pela independência de Angola e dos Estudos, Lúcio Lara, esta longe atras de Kunzika, o primeiro Angolano a discursar na ONU antes mesmo da fundação da FNLA e do MPLA.

Kunzika estudou e terminou nas Universidades de Kinshasa e dos Estados Unidos da América, enquanto Lúcio Lara não teve a Licenciatura ou não acabou a Universidade.
Mesmo assim, por ser mukongo, Kunzika foi desprezado política e academicamente; era tido como indígena, atrasado, rural e sanzaleiro.
O mesmo tratamento de desprezo foi reservado ao falecido reverendo Andre Masaki.

Mas Lúcio Lara beneficiou de funeral oficial do Estado. Angola parou para lhe render homenagem.
Mesmo o Regente da Corte do Reino/Império do Kongo, Almeida, que faleceu em Luanda, foi desprezado e o seu enterro nao mereceu menção nem na imprensa de Mbanza Kongo, capital desta soberania.

O mesmo aconteceu com o Ntinu Nsaku, o guardião do Templo do Wene wa Kongo.


Politicamente, os bakongo estão perdidos; não estão em parte nenhuma. Não exercem cargos de destaque ou de soberania nos governos dos dois Congos, no Gabão e em Angola.

Mesmo nos Partidos políticos, estes (bakongo) são desprezados e não exercem funções de peso.

Os partidos políticos escolhem bakongo inexpressivos, desconhecidos, amorfos e inofensivos que colocam nas suas direções.
Assim, no Mundo, o futuro do mukongo e um funil que aponta para um buraco escuro.

Vae Victis (Infeliz, o vencido)