Bruxelas/Bélgica - São 8:30 ́(TMG), estou sentado numa carruagem de um comboio ligeiro de uma das pouco mais de 4 Linhas de que é composto o Metrô de Bruxelas, onde acabava de chegar um dia antes. Na minha agenda de notas estou concluindo os pontos principais de uma pequena agenda do encontro privado que eu teria as 9:00 com um ex‐colega de Faculdade que agora é Eurodeputado pelo Partido e país [nomes do partido e país propositadamente ocultados]. Na minha agenda “secreta” pretendia não só dar um abraço ao meu protagonista, visto passar já mais de uma dêcada desde que acabamos a Faculdade de [. . .] na Universidade[. . .], assim como tratarmos de assuntos relacionados com o papel do Parlamento Europeu na situação actual do meu país, à luz do anúncio feito pelo legendário Presidente JES, chefe de estado e do Governo do meu país. Uma espécie de Lobbye diplomático privado de pendor individual, motivada pelas limitações de liberdades fundamentais no meu país e sobretudo da liberdade de reunião e de expressão.

Fonte: Club-k.net

Via telefone sou informado pela sua secretária que o encontro deverá ser adiado para data e local a combinar. Concordei, também não tinha como, um Euro‐deputado, como é o caso do meu amigo tem naturalmente sua agenda quase sempre apertada e eu trouxe comigo para além de paciência, tempo. Não passaram sequer 15 minutos desde a conversa com a secretária e apartir dos microfomes da carrugagem do Metrô onde eu me encontrava sentado, ouvia‐se repetidamente o seguinte anúncio: Caros passageiros, por razões técnicas todos os passageiros deverão descer na próxima paragem pois o nosso “comboio” não tem condições de continuar a viagem, pelo que pedimos as nossas sinceras desculpas”. E o anúncio foi‐se repetindo várias vezes até a chegada a paragem seguinte(. . .), por sinal, a final. O que se passou os leitores terão acompanhado pela imprensa.

 

Um atentado terrorista numa das linhas do metrô de Bruxelas, terá forçado as autoridades policiais, politicas e administractivas, a evacuar todo pessoal que se encontrava na rede de transportes públicos da cidade assim como ordenar sua respectiva paragem imediata.

 

Nos dias que se seguiram foi uma caça implacável aos 3 homens focalizados pelas câmaras de vigilância do terminal de check ́in do aeroporto Zaventem, Bruxelas, onde no mesmo dia fora alvo igualmente de um atentado classificado igualmente pelas autoridades como sendo terrorista.

 

Em consequência e na senda das buscas dos 3 homens alegadamente identificados pela polícia criminal belga através das câmaras de vigilância do Zeevetem, como sendo autores dos atentados no aeroporto e posteriormente detido para interrogatório e prisão preventiva, a sociedade belga ter‐se‐ á regozijado pelo aparente éxito. Entretanto, tal alívio transformou‐se rápidamente em pesadelo, visto tratar‐se de um homem que, aparentemente, nada tinha a ver com os terroristas e sobre ele nada criminal ou jurídicamente pesava, acabando por ser posto à liberdade. Meditando e pensando na condenação de meus compatriotas, os conhecidos 15+2, sussurrei: “. . . E se os 15+2 fossem acusados de actos terroristas? Será que mesmo não sendo provado tais pesadas imputações, seriam postos pelo menos em liberdade condicional? Ou morreriam nas masmorras do regime totalitário de José Eduardo dos Santos? Aguardo pelas vossas conjecturas e ilações.

 

No entanto, meu encontro, apesar dos transtornos, teve lugar num ambiente ameno e até mesmo familiar e deu para recordar momentos marcantes da nossa trajectória como jovens estudantes, hoje nas vestes de político(ele) e eu Docente universitário, respectivamente. Não agi em nome de qualquer partido político ou entidade pública angolana, mas senti‐me sensibilizado a fazer uma diplomacia paralela, aliás não é a primeira vez, valendo‐me de meus bons e influentes contactos com políticos, governantes, empresários, ONG ́s, nomeadamente Fundações, como complemento ao esforço dos partidos políticos e sociedade civil no geral. Este encontro ou estas investidas servem também de exemplo aos partidos políticos de que, para acelerar o fim do regime do Presidente José Eduardo dos Santos, não devem apenas contar com políticos ou pessoas muitas delas oportunistas querendo passar por políticos, mas na realidade imediatistas, mas também com aqueles como o “gigante” Rafael Marques, os 15+2, SOS Habitat, OMUNGA e muitas mais. Sensibilizei‐me no intuito de contribuir para a mudança pacífica no meu país. Sei que esses esforços não representam nada, mas a luz do sucesso do encontro com o meu amigo e ex‐colega que depois de me ter ouvido com paciência acabou por chamar ao seu gabinete mais 5 deputados de diferentes “conficções” políticas europeias, tenho a certeza de ter cumprido com a missão pessoal de que me propus cumprir. Aliás, a viagem até Bruxelas, apartir de uma outra capital europeia, foi um sucesso e mais um marco rumo á mudança de regime no meu país.