Luanda - Activistas dertidos na cadeia de Cabocha, no Bengo, temem pela saúde de Dala em greve de fome há 33 dias.

Fonte: VOA

“É simples e exclusivamente pelo teu estado de saúde que vimos, por esta via, pedir que interrompas a greve de fome”, é com esta frase que quatro dos 17 activistas que cumprem penas de prisão no Estabelecimento Prisional de Cabocha, no Bengo, terminam uma carta escrita no dia 9 de Abril e dirigida ao colega Nuno Álvaro Dala, em greve de fome há 33 dias.


A carta manuscrita e assinada por Arante Kivuvu, Inocêncio de Brito, Benedito Jeremias Dali e Sedrick de Carvalho começa por dizer que o tempo da grave de fome de Dala são “dias a limpar a maquiagem com que o regime que nos desgoverna se finta; pois não é mais necessário desmascará-lo porque há muito a máscara caiu” e destaca a “muita coragem” do activista.


Os colegas de Dala afirmam entender o propósito “visto estarmos perante um Governo que desconhece os direitos fundamentais, como alimentação, educação e habitação, direitos estes dependentes de ti (filha, esposa e irmãos), mas agora sofrem porque o poder Executivo e o judicial não se importam com as suas vidas, não entendendo assim as tuas exigências”.

Mais à frente, aqueles activistas dizem honrar a determinação de Nuno Dala que se tem “sacrificado em prol de direitos e liberdades que são transversais a todos os angolanos humilhados desde 1975”.

Na “Nota de solidariedade e esperança”, como os subscritores intitularam o documento, disseram sempre recear que Nuno Dala optaria pela greve de fome devido ao seu “estado crítico de saúde”, por sinal precário “que resultou da cadeia a que fomos submetidos desde 20 de Junho de 2015, de forma ilegal e injusta”.


Apesar de reconhecerem o acto de Dala, os seus colegas detidos em Cabocha pedem que interrompa a greve de fome.

Dala recusou-se a comparecer ao julgamento a 7 de Março em protesto pelo facto de as autoridades não lhe terem devolvido dinheiro, cartões de banco e outros haveres apreendidos a 20 de Junho do ano passado.

Na altura em prisão domiciliária, o activista foi enviado para a cadeia pelo juiz Januário Domingos José, onde iniciou, a 10 de Março, uma greve de fome.

Dala foi condenado a 28 de Março a quatro anos e seis meses de prisão pelos crimes de rebelião, tentativa de golpe de Estado e associação de malfeitores.