Luanda  - Foi notória a forma ligeira e pretensiosa como alguma imprensa à margem do Tejo, useira e vezeira em desejar desgraça em casa alheia, saiu à rua para lançar diatribes à volta de um suposto programa de resgate económico monitorado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), organização de que Angola é membro de pleno direito.

Fonte: Club-k.net


Cá dentro, a imprensa do Rossio foi secundada com o anúncio apocalíptico de bancarrota. As finanças públicas não existem mais, segundo o porta-voz da UNITA, que é, para nossa desgraça colectiva, membro da Assembleia Nacional, um órgão de soberania que merece todo o nosso respeito. O homem, que é deputado, preferiu deixar o hemiciclo para na praça pública fazer coro com os “amigos do Rossio”.

Preferiu a praça pública para dar eco e amplificar em vários milhares de decibéis as vozes embriagadas do Rossio. Quanto pior para Angola, melhor para Sakala e pares. Completamente equivocado, o porta-voz do maior partido da oposição também descobriu que o “pedido de ajuda” ao Fundo Monetário Internacional (FMI) “reflecte desespero” do Governo, que deixou de merecer a confiança da comunidade internacional.


Não fosse a UNITA useira e vezeira em discursos inócuos e sem qualquer sustentação técnica, dir-se-ia que o homem perdeu completamente o Norte e agora confunde Angola com Portugal e o rio Kwanza com o Tejo, tal a sintonia com que o homem orquestra a canção do resgate e da austeridade com os amigos do Rossio.


O porta-voz da UNITA, em desespero de causa, nas suas elucubrações também “descobriu” que a comunidade internacional “agora pensa duas vezes antes de se engajar com o Governo angolano”. Que grande descoberta esta, sacada da cartola furada de Sakala. Para o aprendiz de maestro do Rossio, estão a caminho desgraças apocalípticas. O país vai soçobrar. É a desgraça colectiva. Os homens da UNITA vão ser obrigados a trocar os modernos carros a gasóleo por carroças movidas por bois. É o regresso de Angola à Idade da Pedra. Literalmente,o porta-voz da UNITA atirou uma pedrada no charco e saiu completamente molhado.


Mesmo com o esclarecimento do ministro das Finanças de que não se trata de um plano de resgate económico, o porta-voz do maior partido da oposição preferiu não dar ouvidos à voz da razão e cair no ridículo. Para gente que pensa antes de abrir a boca para dizer asneiras, ficou claro que as negociações do Governo com o FMI visam tão só assistência técnica para relançar a economia não petrolífera.


A negociação a ser estabelecida com o Fundo Monetário Internacional, a meio deste mês, não tem como base o pedido de um programa de resgate económico, nem de assistência financeira, mas é principalmente um programa de assistência técnica que Angola solicita enquanto país membro de pleno direito da instituição.


Não se trata, definitivamente, de nenhum programa de resgate, como o que se aplicou a Portugal, Grécia e Irlanda, tratando-se apenas de um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo. As informações segundo as quais Angola se abeirava ao resgate do FMI resultam de uma interpretação errada e do desconhecimento do estado de desenvolvimento da economia nacional, que a UNITA, enquanto principal partido da oposição, tinha a obrigação de conhecer.


A economia de Angola continua sólida, apesar da actual crise financeira que o mundo vive. Prova disso está o facto de Angola ter sido graduada como país de rendimento médio, o que permitiu o seu acesso a degraus na relação financeira internacional e no conjunto de parceiros de desenvolvimento, como o Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e a Agência de Desenvolvimento do Japão. Sakala e o partido que representa deviam e tinham a obrigação de estar a par disso.


De forma exaustiva o Ministério das Finanças sublinhou que o Programa de Financiamento Ampliado ou “Extended Fund Facility – EFF” não é um programa de resgate. Os programas de resgate são para economias que tenham revelado incapacidade em cumprir o serviço da dívida e economias que em determinado momento tenham permanecido longos períodos sem pagar um conjunto de responsabilidades primárias. Isso aconteceu com algumas economias europeias e não é este o caso Angola.


Ficou claro para todos, menos para a UNITA, que o EFF é um programa que tem um cunho acrescido de assistência técnica com o objectivo de assegurar a estabilidade macroeconómica necessária para permitir que a economia se reestruture e possa explorar oportunidades de exportação.


Para a UNITA e pares internos e externos, nunca é demais repetir que as negociações a meio deste mês com o FMI visam suportar as perspectivas de diversificação da economia e maximização do potencial do país no domínio da agricultura, pescas, turismo e indústria mineira, num ambiente em que todos os elementos da política económica e da estabilidade financeira possam dar espaço ao investimento privado e à qualidade da despesa pública.