Luanda - O poder político encontra a sua forma mais plena e acabada no Estado. O Estado constitui através dos seus fins, uma função de concretas realizações, cuja situações histórico-sociais revelam nas sociedades actuais, os aparelhos governamentais como produtos de múltiplas formações que visam a materialização directa e imediata das necessidades colectivas manifestadas pelos cidadãos. O poder político como tal mantém uma relação directa e afincada com as formações sociais. Os Governos normalmente, devem ou governam para as populações, não devem estar longe e indiferente das exigências das populações.

Fonte: Club-k.net

Os grupos políticos (partidos e coligações de partidos políticos), grupos de pressão (sociedade civil, movimentos sociais e sindicais, grupos de reflexão, ordens profissionais) e de interesse (grupos económicos) nas sociedades, não podem desenvolver as suas acções com intuito de provocar rupturas profundas e irreversíveis, pelo contrário, devem ser agentes catalisadores de mudanças positivas e objectivas, em aspectos quer seja superficiais ou periféricos da vida do Estado e dos cidadãos. Ora, é bem verdade que, a tendência humana muitas das vezes, é recorrer a soluções já experimentadas no equacionamento de novos problemas. Portanto, cabe a nós sabemos também que, não existem transformações radicais, nem se muda a um ritmo demasiado acelerado as coisas numa sociedade, as novas ideias e as suas implementações, as novas práticas da acção política devem trazer sempre o elemento diferenciador e enriquecimento da própria sociedade, no sentido de se conservar a paz, o progresso social, a democracia representativa e participativa e o Estado social.      

A Necessidade de uma Nova Perspectiva de Fazer Política em Angola

É sabido entre nós, que o Poder define-se pela transformação e possibilidade de escolhas de alternativas e, a opinião de como se pode conduzir uma sociedade, um Estado, ela constrói-se a partir das vontades e sonhos das pessoas, dos cidadãos e o modo como se desenvolve a actividade política nesta mesma sociedade ou Estado, ligada aos factores do seu passado histórico, as tradições culturais, as exigências dos cidadãos e a maneira como se apresenta a estratificação social. Porque é através da estrutura social é que se estabelecem as posições e as estratégias de Poder dos diversos actores sociais que agem no sistema político. Os partidos e coligações dos partidos políticos como principais actores na luta pela aquisição, manutenção e controlo do poder político e canalizadores da vontade e das sinergias dos cidadãos e de todos os grupos sociais que constituem a sociedade, não podem ser ou transformar-se em principais obstáculos da estabilidade da paz e do processo da consolidação da democracia e reconciliação nacional.

Durante décadas, anos andamos a guerrear uns contra os outros, acusando-nos de tudo e mais alguma coisa, mormente, com discursos e leituras erradas sobre a situação concreta do país. Alguns com uma dose de exagero sobre a situação da democracia, alternância governativa, direitos humanos, liberdade de expressão e manifestação, transparência governativa e boa gerência dos fundos públicos, apresentando-se como campeões de tudo aquilo que é positivo e ansiado pelo povo angolano. E outros, adoptaram “o processo de longevidade no Poder”, achando-se únicos com legitimidade, como se fosse um direito natural de governarem Angola. Se reparamos o cenário político angolano, nada mudou, as velhas querelas e acusações entre as duas maiores forças políticas continua, enquanto o Estado angolano vai falindo aos olhos de todos nós e diluindo desta forma os sonhos e anseios de milhões e milhões de angolanos que deram as suas vidas para que a independência e a democracia fosse uma realidade.

O Estado social e de direito entraram em crise. A nossa sociedade passou a ser dominada pelo individualismo que deixa pouca esperança à emergência de uma comunidade-providência. O fosso entre os que governam e a maioria parte da população transformou-se olímpico e, virou cultural observamos, sem forças para agirmos, camadas sociais cada vez mais larga da população são e continuam a ser empurradas pela espiral da exclusão e a indigência humana sem o mínimo decente para viverem. Enquanto a outra parte da sociedade entram num vórtice de acumulação primitiva de capital.

A Liberdade e a Democracia: Será Possível em Angola?

 

A democracia sem liberdade é utopia, é absolutamente impensável, porque a existência de contradição dentro da ética política é salutar. E, a divergência de opiniões e projectos de sociedade é positiva, porque ela mostra a inexistência de um único grupo ou força política que actua neste Estado ou sociedade. O pluralismo político e partidário é fundamental, porque nas democracias efectivas, não há uma única força que representa as aspirações e sonhos das pessoas, mas sim, várias forças com diferentes projectos de sociedades e diferentes orientações ideológicas (Direita, Esquerda, Centro, Extrema-Esquerda, Extra-Direita, Centro-Direita, Centro-Esquerda etc). Portanto, é já altura entre nós, começarmos apelar e cultivar uma cultura democrática de aceitação da diferença e que apele mais, à participação do que à passividade, mais criatividade do que ao mero consumo dos discursos políticos irrealizáveis e “show-off”, mais esforços constante do que ao abandono das ideias e projectos sérios, realizáveis e patrióticas, mais à autonomia do que à dependência. Essa perspectiva é a correcta e, levara-nos à uma cultura que não consente segregações político-partidária e exclusões sociais, que em certa medida, modera os egoísmos, que durante anos andamos a construir.

Nesta altura dos “apertos económicos” e a descrença nos partidos que vai crescendo entre os jovens angolanos, é necessário construirmos redes de solidariedades que fomenta a colaboração responsável de todos e, ao mesmo tempo, levarmos um trabalho sério de conscientização política. É necessário fomentarmos a participação dos cidadãos no cenário político e discutirmos abertamente sobre o nosso futuro. O futuro de Angola e dos angolanos. Os partidos políticos (principalmente os dois históricos: MPLA e UNITA) possuem a obrigação de explicar concretamente o que eles pretendem para com Angola e aos angolanos. Se agirmos assim, deste modo, teremos uma sociedade plena, uma Angola de todos para todos e com todos, uma Angola onde, todos se sentem ou devem se sentir incluídos. Onde a acção política e discursos subversivos são auto-contidos e respeito a Constituição, as normas de boa convivência política, Instituições do Estado, Chefe de Estado e Titular do Poder Executivo, Governantes, Líderes Partidários, os Cidadãos, serão ou são respeitados. O respeito e cumprimentos das obrigações da sociedade e do Estado são ou serão mutuamente cumprido, respeitando assim o pacto social afirmado entre enquanto povo, pessoas e cidadãos.

A reivindicação dos jovens angolanos, deve ser entendida e compreendida pela geração dos nossos mais velhos que governam o país. Porque é certo, que cada geração tem o direito de decidir por si própria como deverá ser governada. Então, não pode ser legítimo a uma geração rejeitar esse direito em nome dos seus sucessores. Cada geração e cada época, deve ser, em todos os casos, tão livres de agir como as épocas e as gerações que o precederam. Nenhum homem, mas nenhum, possui o direito de travar os sonhos e as aspirações de outras pessoas, nem tão pouco, uma geração possui o direito de propriedade sobre a sua geração e as gerações que lhes seguiram para o bem de todos e afirmação concreta do próprio país.