Luanda - O braço armado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou hoje ter travado, este mês, confrontos militares que provocaram a morte a 47 soldados das Forças Armadas (FAA) Angolanas.

Fonte: NJ

Em comunicado enviado à agência Lusa, em Luanda, as Forças Armadas Cabindesas (FLEC/FAC) afirmam que outros militares das FAA ficaram feridos nestes combates e que os guerrilheiros ficaram na posse de vários materiais, como metralhadoras e munições.

 

Segundo a versão da FLEC/FAC, os combates e emboscadas aos soldados das FAA aconteceram na área de Necuto e Dinge, nos dias 09, 12 e 14 de Abril.

 

Nenhuma fonte das FAA confirmou a ocorrência destes confrontos militares com a FLEC, desconhecendo-se também a existência de vítimas mortais ou feridos da parte dos guerrilheiros.

 

"A situação geral em Cabinda continua frágil e tensa", lê-se no comunicado assinado pelo porta-voz da organização, Jean-Claude Nzita.

 

O braço armado da FLEC/FAC, que reivindica a independência de Cabinda, anunciou em Fevereiro o regresso à luta armada naquele enclave, alertando ainda tratar-se de "um território em estado de guerra" e que a circulação de pessoas passava a ser "seriamente desaconselhada", até que Luanda se disponibilize "séria e concretamente" para o diálogo.

 

Contudo, pouco dias depois, a representação diplomática da FLEC na Bélgica e na União Europeia (UE) considerou que esta decisão conduz à "deterioração do clima político" em Cabinda e que põe em risco toda a sub-região da África Central.

 

No comunicado de hoje, a direcção política e militar da FLEC/FAC "avisa a todos aqueles que têm seus interesses no território de Cabinda, em particular, a empresa petrolífera [norte-americana] Chevron", para "aconselhar autoridades angolanas para começar as negociações reais com os responsáveis políticos de Cabinda para encontrar uma solução pacífica" para este conflito.

 

Aquela organização volta a insistir que um "cessar-fogo" só será possível se o Presidente angolano, José Eduardo Dos Santos, aceitar "abrir negociações" com a direcção política e militar da FLEC/FAC.

 

"Sem um diálogo franco e aberto não podemos resolver os problemas de Cabinda", conclui o comunicado.

 

A FLEC/FAC tem vindo a aconselhar "vivamente todos expatriados ocidentais que vivem em Cabinda a retirarem provisoriamente do território" e "desaconselha seriamente" as visitas de "todos os turistas e não residentes", garantindo que "estamos em estado de guerra".

 

A FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.