Luanda - Fernando Teles, afirmou hoje que o sector bancário em Angola está sob forte vigilância internacional, no contexto da saída do país do radar de vigilância sobre branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, que está a ser lenta.

Fonte: Lusa

O presidente do banco angolano BIC, Fernando Teles, afirmou hoje que o sector bancário em Angola está sob forte vigilância internacional, no contexto da saída do país do radar de vigilância sobre branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, que está a ser lenta.

Angola saiu no início do ano da lista do GAFI (Grupo de Acção Financeira Internacional), organismo intergovernamental que visa conceber e promover, quer a nível nacional quer internacional, estratégias contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, mas o sector bancário ainda está a sentir bloqueio nas negociações internacionais, nomeadamente com contrapartes bancárias.

“Ter aparecido o nosso nome na lista cria e criou problemas a nível dos nossos correspondentes [bancários norte-americanos] e aquilo que posso dizer é que, infelizmente para nós, ainda não retomámos alguns correspondentes que tínhamos e que cortaram connosco a nível de Angola”, afirmou, em conferência de imprensa, Fernando Teles.

A entrada de Angola na lista do GAFI, que “é uma espécie de ‘lista cinzenta’”, sinaliza que “não estávamos a cumprir com todas as regras”. Agora, a saída dessa lista deve-se à implementação pelo BNA, Banco Nacional de Angola, das recomendações que constam do Plano Director do GAFI, mas, “para retomar a situação anterior, não vai ser fácil”.

“Normalmente, depois, as entidades ficam em ‘quarentena’. Estamos no período em que estão a amadurecer se nos devem ou não deixar voltar a ter correspondentes [bancários] americanos”, explicou Fernando Teles.

Em fevereiro, o Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou em comunicado que o país saiu da lista, assegurando o "cumprimento escrupuloso das regras de compliance" internacional.

Este regresso à normalidade poderia aliviar as graves dificuldades dos bancos angolanos no acesso a divisas (dólares) no mercado internacional.

"A implementação pelo BNA das recomendações que constam do Plano Director do Grupo de Acção Financeira Internacional [GAFI], ditou progressos significativos do país", referiu o banco central.

 

Resultados do BIC Angola

 

O banco BIC Angola registou um crescimento do seu volume de negócios, em 2015, de 13% por cento, equivalente a 1,582,067 milhões de kwanzas (8.435 mil milhões de euros).

Os resultados da atividade do maior banco privado angolano foram hoje apresentados pelo presidente do Conselho de Administração, Fernando Teles, que considera aquela instituição bancária "sólida, bem capitalizada e com bom rácio de solvabilidade".

Segundo Fernando Teles, o total de ativos do banco teve um crescimento de cerca de 17%, tendo passado de 835,9 mil milhões de kwanzas (4,456 mil milhões de euros) para 977.609 milhões de kwanzas (5,2 mil milhões de euros).

Em 2015, o crédito aos clientes (empresas e particulares) teve um crescimento de 23%, isto é, um aumento de mais 78,5 mil milhões de kwanzas (418 milhões de euros), em 2015, comparativamente aos 343,2 mil milhões de kwanzas (1,8 mil milhões de euros) obtidos no ano anterior.

Relativamente ao crédito ao Estado, passou de 366.428 milhões de kwanzas (1,95 mil milhões de euros), em 2014, para 419,733 milhões de kwanzas (2,2 mil milhões de dólares) no ano passado.

De acordo com o gestor, o ano de 2015 foi fechado um total de 102,721 milhões de kwanzas (547 milhões de euros) de capitais próprios.

Relativamente ao depósito de clientes, o banco cresceu cerca de 8%.

Em termos de indicadores da qualidade de crédito, o Presidente do Conselho de Administração do banco disse que em kwanzas cresceu de 274,912 milhões de kwanzas para 329,178 milhões de kwanzas, em 2015.

"Temos cerca de 200 milhões, mas está totalmente coberto por provisões, o crédito vencido está coberto em 170 % por provisões e mesmo assim nós passamos em 170% em 2014 para 188% de provisões em 2015, quer dizer que fomos prudentes, procuramos criar provisões, muito embora tenhamos consciência que o crédito malparado não é irrecuperável", disse Fernando Teles.

Com representação em mais de 90 municípios do país, o banco teve no final do ano 223 pontos de atendimento (centros de investimentos, de empresa e agências) e perspectiva abrir mais quatro nos próximos dias.

O presidente do Conselho de Administração do BIC Angola anunciou hoje que quer expandir a marca para outros países africanos, começando pela Namíbia.

“Relativamente à expansão em África, temos autorização para abrir na Namíbia – já temos a equipa a funcionar lá, ações de formação e a cumprir os requisitos do Banco Central da Namíbia”, afirmou Fernando Teles, em conferência de imprensa hoje em Luanda.

“Há uma visita que é efetuada pela supervisão do banco central antes da formalização da abertura. Posso dizer-lhe que está indicada para maio, a partir de dia 9” de maio, disse o banqueiro, esperando que, o mais tarde, no início de junho, a marca tenha uma sucursal na capital namibiana.

Sobre os planos de expansão, Fernando Teles admitiu que a instituição não conseguiu adquirir o BPN Brasil, imputando a responsabilidade ao Banco de Portugal.

“Acabamos por receber a informação de que não estávamos a consolidar as contas”, mas “nós não tínhamos que as consolidar, porque os nossos acionistas são acionistas em vários sítios. Em Portugal são acionistas que têm o seu próprio capital. Nós não somos em Portugal uma filial do BIC Angola”, exemplificou o banqueiro angolano.

“Mas o Banco de Portugal, até por causa da situação com Angola, disse ao Banco Central do Brasil que nós não estávamos a consolidar contas e o Banco Central do Brasil, com base nesse argumento, não nos autorizou a compra do BPN Brasil”, explicou Fernando Teles.