Luanda - A agência baixou a notação do risco soberano de Angola de Ba2 para B1, com perspetiva negativa, após um processo de vigilância a que o país esteve submetido nos últimos dois meses.

Fonte: Lusa

A informação consta de um comunicado do Ministério das Finanças de Angola, enviado hoje à Lusa, dando conta que as "vulnerabilidades criadas para a posição fiscal e externa, e para o crescimento potencial do país", tendo em conta a "queda estrutural e prolongada do preço do petróleo", impactam com a matriz da dívida pública.

A informação é corroborada numa nota divulgada pela Moddy's e confirmando a revisão em baixa do 'rating' soberano de Angola, reconhecendo que a "posição financeira do Governo e da posição externa do país se deterioraram acentuadamente" devido ao "choque" da quebra dos preços do petróleo.

Além disso, a agência de notação financeira refere que a baixa cotação do barril do crude será prolongada, "pressionando" a "força económica" de Angola e "reduzindo consideravelmente as perspetivas de crescimento de curto prazo do país".

"A perspetiva negativa reflete os desequilíbrios em curso no mercado de câmbio, que, à luz das opções diminuídas para reabastecê-los, vai continuar a colocar pressões descendentes sobre as reservas oficiais de divisas e sobre a moeda", explica ainda a Moody's.

Neste cenário, aquela agência estima um crescimento económico para Angola, revisto em baixo, de três por cento em 2016 e 2017, e aponta para um volume da dívida pública superior a 50% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, contra os 25% em 2013.

Angola vive desde meados de 2014 uma forte crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo.

O FMI anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.

O ministro das Finanças, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.

Sobre as negociações com o FMI, a Moddy's refere que um "possível empréstimo financeiro" poderia dar um "impulso" às reservas internacionais do país.

A Lusa noticiou a 02 de março deste ano que Angola vai gastar mais de 6,2 mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros) entre 2016 e 2017 com o serviço da dívida pública contraída externamente, mas o petróleo abaixo dos 38 dólares por barril pode obrigar à reestruturação da carteira.

A informação consta de um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve acesso e que indica que o 'stock' de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (37,7 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7% do PIB.

O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (15,8 mil milhões de euros).