Luanda - O prelado, que concedeu uma entrevista ao Jornal de Angola por ocasião do Dia da Liberdade de Imprensa, disse que devolveu, recentemente, 149 mil euros à União Europeia por a Rádio Ecclesia não concordar com essa posição.

Fonte: Jornal de Angola

O director da emissora católica de Angola salientou que as organizações internacionais que assim procedem apresentam projectos encobertos de financiamento destinado à democracia e à cidadania. “O que nós entendemos por financiar democracia e cidadania é ajudar para que um país seja mais democrático ou ajudar para que um cidadão seja mais cívico”, disse o director da Rádio Ecclesia, acrescentando que, por detrás desses programas, as organizações internacionais querem provocar uma “alternância do poder” através da imprensa, atitude claramente anti-democrática.

 

Quintino Candange declarou que a União Europeia entende que não pode financiar as acções dos bispos e a acção pastoral da Igreja. “Dizem que a evangelização não tem nada a ver com os direitos humanos”, acentuou o padre, declarando: “nós devolvemos o dinheiro em tempo de crise”. O assunto, referiu, é do conhecimento da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). “Os bispos disseram-me que não posso vender-me a esses interesses”, informou o padre, para quem o financiamento das organizações internacionais à imprensa desfavorece o exercício da liberdade de imprensa.

 

O director da Rádio Ecclésia realçou que esse tipo de financiamento desintegra o país e a unidade nacional. Candange contou que um bispo líbio lhe tinha dito que a desestabilização da Líbia é resultante da influência de um programa de rádio que era financiado por organizações internacionais. “A Rádio Ecclesia, em tempo de crise, vive das contribuições dos fiéis da Igreja Católica”, disse o padre, que reconheceu estar na origem do despedimento de vários jornalistas e funcionários de outras áreas da emissora católica a falta de sustentabilidade financeira.

 

O padre Candange entende que o Dia da Liberdade de Imprensa deve servir para os jornalistas angolanos como uma data de reflexão. A liberdade de imprensa, no seu entender, é uma conquista da sociedade e não apenas dos jornalistas. “A liberdade de imprensa no país é um facto, mas os jornalistas devem ter maior consciência da sua actividade, por ela exigir muita responsabilidade”, afirmou o director da Rádio Ecclesia.