Luanda - José Julino Kalupeteka, líder da seita “Igreja Cristã no 7º Dia A Luz do Mundo”, encontra-se no estabelecimento prisional de Luanda desde Quinta-feira. O porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Cassoma, confirmou a referida transferência mas não pôde precisar o que a originou, até ao fecho da presente edição.

Fonte: OPaís

A transferência do auto intitulado profeta, da Comarca Central do Huambo, onde cumpria a pena de 28 anos de prisão efectiva, para a Cadeia de Viana (em Luanda), surpreendeu os seus familiares e fiéis seguidores, por não lhes ter sido comunicada previamente, nem as razões da mudança de local carcerário. Um dia depois de terem sido informados sobre a transferência, isto é no Sábado, a dupla Julino Tito “ Katupe” e Bernardo Julio, filho e sobrinho de José Kalupeteka, largaram os seus afazeres na Cidade Vida e deslocaram-se para a capital do país com o propósito de prestarem todo o apoio que o seu parente venha a necessitar.

 

“Envidamos todos os esforços necessários para visitá-lo hoje (ontem), mas não fomos bem sucedidos porque os guardas prisionais alegaram que estavam a aguardar por uma autorização do Tribunal Provincial do Huambo sobre as pessoas com quem ele poderá manter contacto”, disse Bernardo Júlio. Julino Tito, o primogênito de Kalupeteka, mostrou-se aflito com as consequências económicas que a referida mudança de estabelecimento prisional poderá provocar à família, por não terem como se manter em Luanda por muito tempo.

 

Neste momento, estão hospedados em casa de um parente. O fundador da seita “Igreja Cristã no 7º Dia A Luz do Mundo” e mais nove seguidores foram condenados por uma equipa de juízes da 1ª Secção de Crimes Comuns do Tribunal Provincial do Huambo por diversos crimes, entre os quais o de homicídio de oito efectivos da Polícia Nacional e do então delegado do Serviço de Informação e Segurança Interna do Estado no município da Caála. Além dos nove crimes de homicídio qualificado e oito de homicídio frustrado, ocorridos no Monte Sumi, província do Huambo. Sobre o líder da Igreja pesavam ainda acusações de crimes de desobediência, resistência e posse ilegal de armas de fogo, bem como de sete crimes de homicídio frustrado ocorridos no município do Cunhinga, província do Bié.

 

José Kalupeteka foi ainda condenado a um ano e seis meses de multa à razão de Akz 40 por dia, ao pagamento solidário com os outros réus de dois milhões de kwanzas à família de cada uma das vítimas do Monte Sumi e a pagar (Kalupeteka) Akz 800 mil às vítimas do Cunhinga. Já os fieis João Zacarias, Filipe Quintas e Inocêncio Nunda vão passar 16 anos na cadeia, por terem beneficiado de atenuantes pelo facto de à data dos factos, 16 de Abril de 2015, serem menores de 21 anos. A mesma sorte não tiveram os outros seis membros da seita, designadamente Carlos Kussukala, Cipriano Kolembi, Gabriel Justino, Amões Kangombe, João Zacarias e Hossi Luakuti Vilinga.

 

Todos deverão permanecer 27 anos em regime de prisão maior, também em cúmulo jurídico, já que os juízes concluíram que também são culpados pelos crimes que vinham acusados. Cada um deles deve pagar 64 mil Kwanzas de taxa de justiça. O juiz da causa, Afonso Pinto, foi auxiliado por Osvaldo Malanga e Ângelo Vilinga Katumbela. O Ministerio Público foi liderado por Francisco Henrique Uanassi e a defesa esteve a cargo de uma equipa da Associação Mãos Livres, encabeçada por David Mendes.