Bissau - O antigo Primeiro Ministro da Guine, Francisco José Fadul, e a sua esposa foram espancados na sua residência, na madrugada  quarta-feira, por cerca de 15 militares ainda não identificados que não gostaram  de ouvir algumas das palavras do também presidente do Tribunal de Contas.

Francisco Fadul esta no hospital a receber cuidados intensivos. Revelou ter sido acusado pelos agressores de ter afirmado que os militares utilizam indevidamente o dinheiro do Estado. Fadul  prometeu mover uma queixa-crime contra o Governo da Guiné-Bissau, em particular contra o ministro da Defesa,uma vez que as instituições do Estado controlam as estruturas militares da Guiné-Bissau.

Um dia antes, o ex-primeiro-ministro, realizou uma conferência de imprensa em que acusou o actual primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, de estar a revelar atitudes de submissão perante os militares. “o primeiro- ministro fala com os militares de baixo para cima, numa atitude de completa submissão às Forças Armadas, quando na realidade ele é que é o chefe dos militares e devia dar-lhes ordens e não o contrário”.  Fadul havia apelado ao primeiro-ministro Carlos Júnior para se demitir das suas funções, responsabilizando  “pelos desmandos dos militares”.

Os actos violentos destes últimos dias foram os mais graves desde o assassínio do Presidente João Bernardo Vieira (Nino)no dia 2 de Março, horas depois da morte num atentado do então chefe do Estado-Maior, general Tagme Na Waie.

A Guiné-Bissau sempre se tem caracterizado, desde a proclamação unilateral da independência, em 1973, por ser uma sociedade muito violenta, marcada por uma sucessão de golpes de Estado ou intentonas e até mesmo por uma guerra civil, em 1998/1999.

Nestes últimos anos, o país transformou-se até num narcoestado, com a falta de estruturas devidamente funcionais a ser aproveitada pelos narcotraficantes da América Latina para ali instalarem uma plataforma de passagem de drogas para a Europa.

Agora, perante estes novos acontecimentos, pessoas que têm acompanhado a par e passo o que se tem passado na Guiné-Bissau colocam em dúvida que as próximas eleições presidenciais possam vir mesmo a ser no dia 28 de Junho, conforme declarou  o Governo.

Fonte: Club-k.net/JD/Publico