Luanda - Os interesses matérias dominam o circuito dos fenómenos quotidianos aos nossos dias, hoje as pessoas valem pelo que têm e não pelo que fazem com que sabem, nos encontramos abertos às páginas da história avessa.

Fonte: Club-k.net

Hoje parece que o dinheiro tomou o peso do comando de tudo e de todos, as pessoas só fazem tudo por dinheiro, não existe nada feito sem que as mesmas esperem por recompensa, se por exemplo avariar – lhe a viatura na via pública, de súbito suscitarão indivíduos emprestando seu favor em troca de um valor monetário, nada é de graça hoje, nos situamos nos dias de hoje face ao icebergue do materialismo social e económico.

Tudo é julgado sob um olhar materialista, se no entanto for formado e andar de tax ou autocarro, ouvirá vibrar as vozes vulgares em todos os cantos da sua marcha, acusando – lhe de não ter formação, de ser um estudante apenas (a maioria diz como é que se é Dr ainda anda de tax? Esse é z ninguém, não estudou nada, é estudante apenas, esquecendo – se que o dinheiro não cai dos céus, é conquistado com suor e sacrifício, mas acima de tudo requer tempo para tal), para os mesmos formado é quem tem carro, quem anda a pé não estudou, é absurdo o que se tem vindo a assistir aos nossos dias. Vivemos o verdadeiro mundo das aparências, não somos nós mesmos os verdadeiros senhores do nosso destino. Estamos perante o mundo das coisas, que se valoriza mais o dinheiro que a própria pessoa como tal, o mundo do imediatismo, o homem não vale dinheiro, nem carro, o homem vale aquilo que ele sabe, porque são as ideias que transformam a face da terra e não os interesses materiais.

Os interesses materiais dos nossos dias penetraram em todas as esferas sociais dos angolanos, há quem diga que hoje quem não tem, nada vale, ouve – se pelos arrabaldes da cidade de que o ser e o ter devem andar juntos hoje, somente somos tratados de sermos alguma coisa se tivermos. É neste evento desconcertado de tratar as pessoas que resulta erros trágicos da maioria dos jovens hoje, apostados no imediatismo e no já, sob todas as circunstâncias querem conquistar o impossível, levando a muitos a entrada as casas dos «encostos ou de kimbandeiros», marchamos hoje num mundo em torno de um marasmo social muito sério.

Chegamos num mundo em que até pacientes magnatas desrespeitam médicos, muitos dos quais acusando – os com ameaças em virtude de terem milhões nos seus bolsos, achando – se de então, que podem e devem, esquecem – se que, a pessoa do médico não vale pelo dinheiro que lhe é pago numa clínica em que presta o seu serviço, mas antes pelo contrário, pelo prestígio que lhe é atribuído, o dinheiro pode tudo, mas o dinheiro não compra dignidade de alguém, nem sabedoria sequer, e o que reside na alma de um verdadeiro médico, não é o valor do dinheiro é a dignidade, o carácter e o prestígio que lhe iluminam e lhe enaltecem face a sociedade em que está inserido, servindo – se das balizas da ética hipocrática.

Nossos pais ensinaram – nos de que acima de todos os interesses estava a formação do homem, mas, pela ironia do destino, hoje queremos distorcer esse sentido dialéctico, queremos a todo custo apontar a matéria como ser o ingrediente primeiro antes da formação do homem.
A maior parte dos que hoje estudam estão preocupados com quanto vão ganhar depois de formados, não querendo saber do profissionalismo, não querendo saber da ciência e todos os seus paradigmas, querem é saber de passar de classe com urgência conseguir um emprego e começar a ganhar o mais rápido possível.

A onde caminha essa sociedade afinal? Que não sabem mais esperar? Querem tudo rápido, tudo imediato? Tudo é preciso tempo, a vida é um processo e todo um processo encerra uma gama de etapas, e cada etapa tem passos a cumprir e cada passo tem tarefas a serem realizadas, é preciso revertermos a marcha dos acontecimentos nossos dias, porque se pensarmos que as coisas estão primeiras antes das pessoas estaremos completamente perdidos como musgos crescentes num ermo abandonado.

Até os relacionamentos amorosos cumprem a mesma trajectória de forte interesse material, és a razão mediante a qual o pobre não consegue uma namorada em boas condições, as mulheres forjaram a dualidade de relações reunidas numa mesma dama, em que um dos indivíduos assume a pessoa do amor gostoso e o segundo assume o papel do amor gastoso, quer dizer se um tem a missão de dar amor e carinho o outro tem a missão de dar conforto, dinheiro e coisas, hoje é tudo a base de interesses materiais, até a palavra amor foi – lhe excluído o prefixo a, e passou a ser «MOR», que segundo muitos pensadores da actualidade dizem que tem o significado de M---------- minha; O----- outra; R------ relação, de então em vez de amor passou a ser apenas «MOR», minha outra relação.

Nesta senda, suscitam fenómenos controversos, em que mais velhos namoriscam jovens das idades de suas próprias netas, tudo por dinheiro, o amor esfriou – se completamente, nada é feito por amor, por entrega, ou por carisma, tudo por dinheiro, estamos diante de um mundo onde o dinheiro fala todas as línguas.

Hoje, os tratos sociais dirigidos as pessoas são vinculadas a magnitude económica de cada um, só és bem visto pela sociedade se tiveres um carro de luxo, uma casa em condições, dinheiro e o resto, fora disso serás assujeitado a uma refutação vil, mesquinha, és um nada, um zero a esquerda da vírgula.

Hoje as amizades são selectivas, as pessoas sabem com quem lidar, colocando em relevo sempre os interesses económicos como farol para iluminar o ritmo das amizades edificadas na conjuntura humana.

Até um simples telefone cuja missão é comunicar, os olhos estão atento para medir o peso do preço com que se comprou e o perfil do aparelho, estamos diante de uma trajectória plenamente declarada em ser materialista, imediatista, uma trajectória que tudo arrisca presa na aventura em busca de uma felicidade cujo alcance é pago por muitos com mistérios satânicos, hediondos, inaceitáveis e puramente imundos, tudo feito em prol da matéria, das coisas, da carne, que cá encontramos e também cá as deixaremos um dia, a vida não é eterna, no entanto urge a necessidade de mudarmos o actual panorama que marchamos hoje, senão seremos vítimas de ignorância!

A problemática que se levanta em torno das pessoas interesseiras é que essas não são pessoas coerentes, não são pessoas ideológicas, são meros peregrinos em busca dos prazeres da carne e da matéria, que tarde ou cedo desaparecem, sobre tudo quando o declínio financeiro tomar conta do rumo o qual os atrai. Isto implica dizer que quem faz tudo por dinheiro não é pessoa de confiança, não é pessoa para se olhar com visão ampliada com vista a restabelecer afinco de amizade sincera e forte, uma vez que hoje estamos em cima e amanhã a baixo, a vida é como um jogo se hoje estamos a vencer o campeonato, amanhã poderemos estar a perder o jogo, neste sentido elas nos fugirão quando formos vítimas do insucesso material. Há que ter sempre presente que essas pessoas somente se intitulam de serem amigas enquanto estivermos no auge da ascensão económica, essas não são pessoas para confiança, são efémeras, são passageiras, são dotadas de amizade supérflua e não profundas, que não se ligam a outrem pela afinidade humana, mas sim pelo interesse, logo, estão pelas coisas e não verdadeiramente pelas pessoas, neste prisma, uma vez satisfeitos os interesses viram – se as costas em direcção ao seus destinos de origem e dizem a história acabou, cada um por si e Deus para todos!