Luanda - No passado dia 15 do mês em curso, o general das FAA e chefe do SISM (serviço de inteligência e segurança militar) fez um apelo “premonitório” aos seus subordinados, para aquilo que ele mesmo designou, “um tratamento como tal” contra o jornalista e defensor dos direitos humanos, Rafael Marques de Morais.

Fonte: MISA

Zé Maria que falava a um grupo de 100 oficiais, entre os quais generais, num encontro destinado a celebração de Pentecostes, a festa dos Cristãos. Rafael Marques, foi nas palavras do general, considerado “o inimigo de Angola”. Segundo se reporta, o chefe da segurança militar, fez-se apoiar em duas telas, exibindo imagens do jornalista, com a legenda “o Diabo em Angola”

O MISA-Angola tomou conhecimento deste relato, no seu formato, assim como os seus destinatários, e desde já, manifesta a sua inquietação, recordando que num passado nao muito distante, encontros aquele nível e naquela linguagem prenunciavam acontecimentos atentatórios da integridade física dos visados.

1. Ao MISA-Angola nao deixa de causar estranheza, “o simples” facto de, sendo o dia de Pentecostes uma festa Cristã, servir de motivo do festejo, num espaço de instituição militar, num Estado laico, segundo a constituição da República;

 

2. Os termos e a linguagem usadas pelo chefe da Segurança Militar, desconhecendo-se de todo, o conteúdo da fundamentação em que se sustentou, para qualificar de “inimigo de Angola” Rafael Marques de Morais, jornalista e defensor dos direitos humanos, aquele que é neste momento, o mais laureado, a nível internacional. Posição do MISA-Angola:

 

• O chefe da Segurança Militar, devia esclarecer a opinião pública, qual a gravidade que tem, o exercício da actividade jornalística de investigação, em ambiente democrático.

 

• Ao lugar de ter-se como “inimigo de Angola”, as instituições do Estado, deviam ver no Rafael Marques, um parceiro de luta, contra a corrupção e pelos direitos humanos.

 

• O MISA-Angola, deplora a postura do general que usa a instituição pública, para proferir ameaças.

 

• A sociedade angolana, carece de jornalismo de investigação. Em lugar de perseguir os jornalistas, o Estado, devia estimular este género de jornalismo, se quiser edificar uma democracia sólida e respeitável, com efectivo controlo da gestão dos recursos públicos.

• O MISA-Angola, deixa um apelo a opinião pública nacional e internacional, sobre a necessidade de maior vigilância do ambiente em Angola, onde a crise económica e financeira, têm acirrado o modo como se relaciona o governo e os cidadãos, no exercício dos direitos constitucionais.

Luanda, 20 Maio de 2016

Pelo Pres. MISA-Angola A. Solombe