Benguela - Isaac dos Anjos, governador de Benguela, parece ter sobrevivido a mais uma disputa campal. Tudo indica que será reconduzido para mais um mandato na liderança do Comité Provincial do MPLA em Benguela. A confirmação deve acontecer neste sábado (21), na conferencia provincial ordinária, a ter lugar na cidade capital daquela província.

Fonte: Club-k.net

“Um presente” do Bureau Político a Isaac que impôs o seu nome, contra gosto de muitos e alegria de tantos outros. Isto numa altura em que Ele completa três anos no comando governativo da província. “Foi a cereja no topo do bolo” para um politico que alguns já viam pelo retrovisor. Nesses três anos, Isaac dos Anjos sempre esteve na ribalta, não importa os motivos. O homem carrega no seu “DNA”, “células” fulminantes capazes de salvaguarda-lo, ou atira-lo na “fogueira”. De uma coisa é certa Ele é um “Anjo” que espalha polémicas. Muitas das vezes devastadoras para sua imagem.


Na linha do tempo ficam varias “bocas” lançadas para todos os lados. Os seus mais directos colaboradores, tanto no governo, como no partido não foram poupados. As autoridades tradicionais também não escaparam aos “linguajares” de Isaac. “Na memória dos sobas ainda “pululam” as palavras pouco simpáticas, feita em língua nacional Umbundu…foi uma humilhação que muito jamais esquecerão.


“O custo dessa ousadia” está à vista: o homem se tornou nos bastidores governativos, empresariais e políticos um alvo abater. Mas, Dos Anjos parece imune aos ataques e renova-se a cada embate.

Entretanto, uma das batalhas mais acirradas e destrutivas travou-se, nos últimos dias. A imprensa privada foi o palco escolhido para “estenderem os podres”. Foi um rol de revelações. Os segredos guardados a sete chaves eram trazidos ao publico todos os dias. Foi um autentico “Big Brother-politico”.

Não era para menos, uma vez que, um dos motivos para contenda estava à liderança do Maioritário na província. Um lugar ambicionado muitos, mas apenas reservado para um e os seus “amiguinhos”. As noticias multiplicavam-se a cada dia, todos buscavam informações de uma guerra em que os actores principais “escondiam-se” por detrás das notícias. Algumas delas eram divulgadas com denuncias sobre certa relação de promiscuidade que Isaac dos Anjos mantinha com um pequeno grupo de empresários, principalmente da província da Huíla. A transparência parecia não ser o forte de Isaac dos Anjos, quando se tratava da parceria publico-privada.

Dos Anjos era acusado de assumir, na maioria das vezes, uma atitude “paternalista” para com uma determinada “clã” de empresários, que sempre ficava com os negócios do Estado na província. Os homens dos negócios de Benguela, todos eles militantes estavam a ver “navios”. Deles só viam nos anúncios de jornais, alguns até eram convidados a participar deles, mas não apanhavam nada.


Essas denuncias serviram de uma autentica “paulada” que obrigaram, o governador de Benguela a sair da “toca”.

Num extenso documento distribuído à imprensa, Dos Anjos tentou explicar de uma vez por todas, os “equívocos” sobre a sua gestão, mas acabou por atolar ainda mais na sua própria lama. As revelações da carta foram bem aproveitadas pelos seus criticas que se serviram dos conteúdos para transforma-los em “pedra” de arremesso contra Isaac.

Essas crises - política, acima de tudo moral - têm varias causas. Em cada uma delas, em maior ou menor grau, está no jeito como Ele faz política e se relaciona com os seus seguidores e colaboradores.

Isaac queria guerra quando reinava a paz. Enxergava aliados como inimigos, impedindo a concórdia política sem a qual não se governa de forma saudável. Errou muito, errou sozinho, sem ouvir, insistiu nos erros e, quando alguns deles se revelaram crimes, não os reconheceu. Nos lances de seu melancólico e arrogante jeito de governar, Dos Anjos, quanto mais gritava contra os seus, mais isolado ficava. Depois de já terminado o tempo regulamentar “dos céus de Luanda” surgiram às mãos “Dos Santos”, que salvaram Dos Anjos, de uma condenação ao “inferno” que parecia inevitável.

Voltando a confissão de Dos Anjos, na carta de mais de quarenta pontos, distribuída à imprensa, o governador acertou na forma, mas errou no conteúdo. Na mesma ficou-se, a saber, que Benguela tem um governante empresário. Alguém que se assumi possuidor de um “império empresarial”, cuja acumulação da riqueza remonta da década 90, através da sua primeira empresa Isaac and Son's Fruits.

“A I&S Frutas foi definitivamente constituída, numa bela manhã, ao pequeno almoço nos jardins da minha casa no Kinaxixi em Luanda, após o anúncio da primeira grande desvalorização da moeda no âmbito das medidas integradas no programa de saneamento económico e financeiro SEF, corria o ano de 1988”, contou Isaac, que em nenhum momento do texto fez referencia de quanto possuía, ou seja, a cotação real das suas empresas.
Para os curiosos nenhum “tostão”, quem quiser saber mais terá de aguardar, até um dia. Quem sabe no dia de São nunca! Esse pormenor, de certo modo, feriu de morte, a declaração de património do governador.

 

Tudo ficou deitado “por agua a baixo”. Por arrasto escangalhou igualmente os empresários com quem tem “partilhado” os negócios públicos. Ficou claro que Isaac dos Anjos transformou o Palácio Cor de Rosa- da Praia, numa casa de tolerância, onde só entra quem dança a sua musica com o “ritmo da promiscuidade”. A lei da proibida foi atirada, bem ao fundo da mítica praia morena. Ficou esclarecido que os concursos para negócios eram uma fachada. Os olhos do tribunal de contas foram vedados a aço. O Ministério Publico foi “cafricado”, não munge nem tuge diante de uma revelação com cheiro à corrupção.


De resto, Isaac dos Anjos fatiou seu governo, fez promoção de cargos. Nos lugares vitais colocou os seus “muchachos”, vindo da Huíla e do Namibe. Promoveu um autentico festival da queima total das verbas publicas (já à míngua) e um escambo descarado, à plena luz do dia, com empresários, arrivistas de uma espécie de canina. “Devorar os negócios, era a missão”. Ali, quem topar ficar com ele nesse abraço de afogados e de espolio do erário publico. Paga-se bem! Com o dinheiro alheio, ou melhor, com dinheiro do contribuinte. O único critério é ser amigo do governador, ou fazer parte de uma família que lhe tivera feito algum favor.


Engana-se quem acreditou que os negócios mais “chorudos” foram revelados na carta. As grandes empresas (Consterra, Horizonte Global, Fertiangol, Fazenda Utalala, Emosul e tantas outras) foram omitidas de forma propositada ou não, mas sobre os mesmos Isaac não reservou nenhuma palavrinha. Também escondeu, mas com o “rabo” bem de fora, as grandes empreitadas realizadas durante o seu reinado, como por exemplo:


- O projecto do Cavaco
- A barragem do Dongo no Cubal
- O projecto das estradas asfaltadas de Benguela
- O projecto de Benguela Sul
- O projecto de Blue Ocean
- O projecto Benguela Costa Nova, no Chamume (inicia na Macaca e termina na foz do Rio Coporolo).
- O projecto de escola de base de hotelaria no Kapiandalo.
- O projecto do autódromo
- A venda da Reserva Fundiária do Estado no B.C.I.
- O projecto da Caota com desalojamento de detentores de terrenos.

Agora, as acusações dos chamados “detractores” ficaram mais do que nunca enriquecidos e com provas suficientes de um governador “empreendedor” no negocio do Estado. Afinal, ficou mais do que claro que na província, existe um grupo de pessoas com a pretensão de querer "tomar conta de tudo, até dos recursos, sem uma divisão mais aceitável”. Veio confirmar que o MPLA, há muito deixou de ser ele próprio e é um partido cujos membros desdobram-se em desvirtuar o código de conduta para fomentar o clientelismo, o nepotismo, a ladroagem, a opulência…

Na província, o MPLA liderado por Isaac dos Anjos, deixou de ser ele próprio, a “conduta” que impunha limites entre os negócios, as incompatibilidades dos dirigentes, a acumulação de riqueza com vista a evitar roubos no Estado foi atirada ao ralo.

 

Ficou provado e registado que no governo de Benguela existe um esquema de “fatiamento” dos negocio públicos. Um esquema montado para “saquear o dinheiro do Estado”.


Mas, essas praticas são apenas possível , porque a Estrutura Central do MPLA passou apadrinhar o “saque” dos negócios públicos em Benguela. Os dirigentes do BP, principalmente do partido no poder, José Eduardo dos Santos, continua a fazer ouvidos moucos diante da gritante sujeira que infesta o seu Governo. O Chefe de Estado assiste, sereno, a uma grotesca violação da Lei da Probidade Pública protagonizada por muitos dirigentes, principalmente em Benguela.