Luanda - Honra-nos tecer algumas breves considerações sobre a temática em epígrafe, de modo a nos juntarmos à todos que de uma forma patriótica têm esgrimido o seu saber em prol desta causa que apresenta um grande interesse prático. Não pretendemos fazer uma abordagem politizada, mas nos é conveniente privilegiar a lógica académica; O que se deverá entender por crise económica?

Fonte: Club-k.net

“Uma crise económica faz referência a um período de escassez a nível da produção, da comercialização e do consumo de produtos e serviços. A economia é cíclica, ou seja, combina etapas de expansão com fases de contracção. Estas flutuações sucessivas são conhecidas sob o nome de ciclo económico”.

Feito o enquadramento do problema em destaque, importa subsumir a realidade angolana, onde indubitavelmente, a economia apresenta uma situação de escassez, forte depressão, resultante da quebra de produção e do desemprego generalizado, como consequência da baixa do preço do baril de petróleo no mercado internacional, tendo em conta que este tem sido o principal recurso considerado pelo Estado.


A situação critica que Angola vive nos dias de hoje , deve mobilizar a intervenção de sociólogos, psicólogos economistas, juristas, fazedores de opinião, cultores, Historiadores, filósofos, pensadores entre outros actores socias, de modo a se juntarem aos esforços que o Executivo Angolano tem gizado com vista a mitigação dos efeitos trágicos na vida dos cidadãos de um modo geral.


Nessa etapa crucial em que o barco já se embateu no icebergue não me parece proveitoso procurar os verdadeiros culpados pelos buracos criados nas contas públicas, por uma questão óbvia, a República de Angola se afirma como uma nação subordinada ao primado da lei e ao respeito pela constituição. Nesta perspectiva, a constituição atribui essa competência ao tribunal de contas como órgão encarregue de fiscalização da legalidade das finanças públicas e de julgamento das contas que a própria lei sujeitar à sua jurisdição ( Cfr. Art.º 182.º CRA).

Quase todas as abordagens que tive amabilidade de ler sobre o assunto, incidem directamente no factor baixa de petróleo como causa principal, mas no nosso entender deverão existir outros argumentos de razão tendo em conta que o país devia adoptar políticas macroeconómicas consentâneas desde o eclodir da maior crise financeira na história do capitalismo em 2008 que começou nos EUA após a bolha especulativa no mercado imobiliário alimentada pela enorme expansão de crédito bancário e concomitantemente se estendeu para o resto do mundo. Era a altura propícia para se levar adiante um conjunto de reformas na organização e regulação das actividades económicas do Estado, no sistema de planeamento nacional, no sistema financeiro bem como no âmbito do sistema fiscal, com o intuito de se poder acautelar eventuais consequências num futuro próximo. Na verdade agora já não faz sentido lacrimejar pelo leite derramado porque lá já se vão 8 anos e o país havia aparentemente superado tal crise em que houve um crescimento vertiginoso da economia, com diferentes impactos quer para o sector privado como para o sector público, no que tange ao aumento da oferta de emprego, o surgimento de várias empresas, o relançar da produção agrícola em algumas províncias do país, a construção de infraestruturas básicas (escolas, Hospitais, estradas, pontes estádios de futebol etc.)

A crise em que os angolanos enfrentam tem dificultado o sonho de muitos cidadãos tendo em conta a precariedade das fontes de receitas e o facto de que hoje o sector privado ainda não possui uma verdadeira autonomia para cooperar com a criação de empregos em grande escala e com isso gerar riqueza, o Estado continua a ser o maior empregador, as pequenas iniciativas empresarias, em bom rigor não têm pernas para andar, assistindo-se a um despedimento em massa que essas entidades têm estado a protagonizar; A inflação pela primeira vez na história da nação desde a independência (11 de Novembro de 1975) subiu a níveis alarmantes; as taxas de câmbios encontram-se instáveis em função do dólar Americano que vai tendo um alto protagonismo face a moeda nacional que vai conhecendo uma forte depreciação; os salários na função pública, além de já não corresponderem as actuais exigências em termos de despesas que cada família tem de realizar em função do seu agregado, também são pagos de forma atrasada; Entretanto, estes e outros argumentos anteriormente proferidos devem suscitar um repensar de políticas macroeconómicas em Angola, acompanhadas de uma forte sindicância judicial de modo a se combater a corrupção com a aplicação da lei da probidade Administrativa e outros instrumentos legais que o país dispõe visando desencorajar aos órgãos, agente e funcionários do estado e não só à praticas de enriquecimento ilícito.

Angola tem tudo para ser uma grande referência no mundo em vários seguimentos por dispor de um solo rico e diferentes recursos naturais que podem efectivamente alavancar o progresso que se augura, mas urge reduzir a dependência ao sector petrolífero e se criar alternativas viáveis noutras áreas ainda pouco exploradas como os sectores das pescas, energético, industrial, agrícola, diamantífero, hotelaria e turismo e acima de tudo se criar políticas económicas que permitam uma maior atracção de investidores estrangeiros ao país, expurgando-se as barreiras que existem na lei sobre o investimento privado.


Como ultrapassar a crise? Na nossa visão o facto da nossa economia estar muito dependente do sector petrolífero, os riscos que está sujeita são ainda superiores, porque com a queda deste recurso, maior parte dos projectos ficam condicionados, por falta de capital financeiro suficiente; Como alternativa do actual quadro, devia-se partir para uma valorização de outras áreas, não apenas numa dimensão teórica, mas sim prática. Ex: o sector agrícola e industrial poderiam ser as melhores apostas para inverter a crise, com a produção agrícola em grande escala. Assim, haverá possibilidades de ajustar os preços dos principais produtos alimentares e se apostar na importação para outros mercados internacionais; Outro grande desafio do executivo deve consistir na Industrialização da nossa economia, mediante a substituição de instrumentos, técnicas e processos de produção, resultando em aumento da produtividade dos fatores e a geração de riqueza.

Portanto, Angola não é único país em crise, gostaria de deixar uma palavra de alento e esperança que com trabalho, esforço e dedicação poderemos conhecer um quadro modificado num futuro próximo, desde que abracemos projectos que concorram para o crescimento e desenvolvimento da economia, e deste modo se promova o bem- estar económico, social e cultural das populações, em especial da juventude, dos idosos, das mulheres e das crianças. Era tudo que se nos oferecia abordar em relação ao assunto, sendo certo que se cada um contribuir com as suas habilidades, faremos desse país, o melhor para se viver.

Viva Angola!

Obrigado pela atenção dispensada