Luanda - Mais de duas dezenas de trabalhadores do extinto Semanário Angolense estão desapontados com os valores das indemnizações recebidas, dois meses depois do encerramento do referido jornal.

Fonte: Club-k.net

Consta que eles não estão apenas insatisfeitos com tais valores, que consideram “irrisórias”, mas também com o não pagamento do mês de Abril a que têm direito.

  

Um trabalhador, que pediu o anonimato, disse que ele e os seus colegas estão à espera do pagamento do salário em causa. “ Estou cansado de ser enganado. Já nos encheram com falsas promessas de que a empresa não iria fechar! Agora, não nos pagam o mês de Abril a que temos direito por lei”, denunciou.

 

Alguns dos trabalhadores atribuem as culpas à empresa Media Investe por não ter actualizado os seus salários à luz da galopante desvalorização do Kwanza face ao dólar, assim como à nova Lei Geral do Trabalho.

 

À luz da lei, os funcionários despedidos receberam 30% sobre o salário base por cada ano de trabalho, já que o jornal foi considerado uma empresa de pequenas dimensões.

 

Dizem os visados que a nova LGT tem servido mais para defender os interesses dos patrões do que dos trabalhadores e defendem que a mesma seja revista.

Na generalidade, as indemnizações situaram-se na ordem dos cento e tal mil Kwanzas. Kim Alves, que nos últimos meses exerceu o cargo de director interino do jornal, terá recebido pouco mais de 300 mil Kwanzas pelos quatro anos de trabalho no Semanário Angolense.

 

O antigo responsável do jornal tem estado revoltado com a direcção Media Investe, embora tivesse sido usado num passado recente para convencer os seus demais colegas de que o jornal não iria fechar as suas portas.

 

Com passar o tempo, as suas relações com a entidade patronal foram-se deteriorando, a ponto do ex-director interino ter sido relegado para um papel secundário. Tanto assim que o anúncio do encerramento do jornal colheu-o de surpresa, à semelhança dos demais colegas que não esperavam pela morte prematura da publicação.

 

Publicamente já manifestou a sua revolta contra os seus antigos patrões pelo facto, segundo ele, de não respeitarem os direitos dos trabalhadores, de os terem humilhado, sendo a mais dolorosa a que culminou com o encerramento das instalações do jornal, sem aviso prévio.

 

Em meios jornalísticos, não tem sido poupadas críticas à Media Investe pela forma como conduziu o processo de encerramento do jornal, ao contrário do que se registou com uma outra publicação, o semanário a Capital.

 Dizem que o encerramento deste último jornal decorreu de forma “limpa e didáctica”, com base no diálogo e respeito mútuo entre as partes. “ Foram honrados todos os compromissos com os trabalhadores, tendo a direcção da empresa oferecido inclusive computadores e outros equipamentos aos funcionários”.