Lisboa - As autoridades francesas anunciaram a detenção em Paris de um homem proveniente de Angola com 142 quilogramas de marfim e que viajava com destino ao Vietname, operação que mantém aquele país africano na rota internacional deste tráfico. De acordo com a informação disponibilizada pelos serviços aduaneiros franceses na sua página oficial, consultada hoje pela Lusa, a detenção aconteceu a 1 de junho, no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, quando o homem transportava 26 dentes de marfim escondidos em seis bagagens.

Fonte: Lusa

Não foi revelada a nacionalidade do cidadão, que segundo os serviços aduaneiros foi entretanto condenado, em julgamento sumário, a 3 de junho, a 18 meses de prisão e 142.480 euros de multa, além do confisco do marfim – cujo comércio é ilegal -, uma das maiores apreensões do género no país. A Lusa noticiou a 2 de fevereiro que a polícia e serviços alfandegários vietnamitas apreenderam no aeroporto Noi Bai, em Hanói, seis malas contendo 180 quilogramas de marfim, na posse de três cidadãos provenientes de Angola.

A polícia confirmou na altura que a apreensão das presas de elefante foi feita no aeroporto da capital vietnamita à saída dos passageiros – cuja nacionalidade não foi revelada – do voo da Vietnam Airlines, entre Luanda e Hanói, com passagem pela Malásia. Citado pela imprensa local, o chefe da Alfândega do aeroporto Noi Bai, Nguyen Van Hoan, disse que os “traficantes suspeitos” alegaram que tinham sido “contratados por um indivíduo em Angola” para transportar a mercadoria para o Vietname.

A Lusa noticiou a 11 de maio de 2015 a apreensão de 369 quilogramas de marfim, dissimulados em 12 malas, no aeroporto internacional de Luanda, operação que levou igualmente à detenção de um cidadão de nacionalidade chinesa. No mês anterior, foram apreendidos mais 30 quilogramas no mesmo aeroporto, também em cidadãos asiáticos, igualmente de acordo com informação da polícia, que admitiu na altura a possibilidade de estar na presença uma rede “com um algum grau de organização” a operar a partir de Angola.

Dados de organizações internacionais apontam que a China representa mais de 70% da procura mundial de marfim. Existem atualmente cerca de 450.000 elefantes no continente africano, calculando-se em mais de 35.000 o número dos que são mortos anualmente. As autoridades angolanas já contabilizaram mais de 3.000 elefantes, apenas no Cuando Cubango, província no sul do país onde começou a inventariação da espécie no âmbito do Plano de Ação Nacional do Elefante.

Os números, que resultam do levantamento iniciado no final de 2015, foram divulgados pelo Instituto Nacional da Biodiversidade e Áreas de Conservação de Angola, no âmbito das comemorações internacionais do dia do Ambiente (05 de junho), este ano centradas em Luanda e que terminaram na terça-feira passada.

A proteção do elefante e o combate ao tráfico de marfim foram os principais destaques das comemorações do dia do Ambiente em Angola, organizadas pelo Governo angolano em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA).

Angola tem 162.642 quilómetros quadrados de áreas protegidas, o que corresponde a 13 por cento do território nacional, entre parques nacionais e regionais, reservas naturais integrais e parciais.

As comemorações do dia mundial do Ambiente de 2016 tiveram como tema central a luta contra a venda ilegal de animais selvagens, problema que em Angola afeta nomeadamente o elefante e se faz sentir também com as redes internacionais de tráfico de marfim.

Nesse sentido, o Ministério do Ambiente encerrou há uma semana, em Luanda, as 44 bancas de marfim do mercado de artesanato do Benfica, considerado um dos maiores espaços de venda do género em África, com mais de uma centena de vendedores, e anunciou a queima de toneladas de dentes e peças de marfim, apreendidas em operações policiais em todo o país.