Luanda - Angola desistiu das negociações sobre um eventual "programa de financiamento ampliado" do FMI, mas pretende manter as conversações ao nível de consultas técnicas com os funcionários daquela organização, que regressam a Luanda antes do fim do ano.

Fonte: Lusa/Publico

"O Presidente da República [de Angola] informou o FMI sobre a decisão de manter o diálogo com o fundo apenas no contexto do artigo IV (consultas) e não no contexto de discussão sobre o programa de ajuda EFF [Programa de Financiamento Ampliado]", disse o porta-voz da instituição em conferência de imprensa na sede do Fundo em Washington. Gerry Rice confirmou que "houve uma alteração" e que "as discussões respeitantes a um possível programa de assistência já não entram no âmbito dos técnicos".


A 14 de Junho terminou a deslocação de uma missão oficial do FMI a Luanda, tendo o responsável do Fundo, Ricardo Velloso, informado que estava à espera que o Governo angolano dissesse se mantinha o seu pedido de assistência financeira, feito numa altura em que o preço do barril de petróleo estava mais baixo.


Após a visita, o FMI emitiu um comunicado onde afirmou que “a economia angolana continua a ser severamente afectada pelo choque dos preços do petróleo dos últimos dois anos”. O crescimento económico “abrandou para 3% em 2015, o que foi determinado pelo acentuado abrandamento do sector não petrolífero. A inflação homóloga acelerou-se e atingiu 29,2% em Maio de 2016, reflectindo um kwanza mais fraco, que se depreciou em mais de 40% em relação ao dólar norte-americano desde Setembro de 2014”, acrescentou o Fundo.


Para este ano, o FMI referiu que as perspectivas “permanecem desafiadoras, apesar do aumento no preço do petróleo nas últimas semanas, sendo que a actividade económica deverá desacelerar ainda mais”, embora aponte para a expectativa de “uma recuperação modesta em 2017”, caso factores como a escassez de divisas sejam melhorados.


Realçando que já houve passos positivos, o Fundo aponta que são precisas “mais medidas para reduzir as vulnerabilidades”, e que é fundamental “manter a prudência orçamental com a aproximação das eleições de 2017”.