Luanda - As autoridades da Saúde falam a duas vozes sobre a febre­ amarela. Os dados não só divergem com os das organizações internacionais, como também no seio do próprio órgão de tutela.  O ministro da Saúde revelou à Angop na quinta­-feira, 07, que Angola não regista há cerca de três semanas “nenhum caso de febre ­amarela”, o que, segundo Luís Gomes Sambo, demonstra uma “tendência para o declínio da epidemia”.

Fonte: Club-k.net

Diz a mesma fonte que o governante fez este pronunciamento quando discursava na abertura do encontro nacional sobre a epidemia da febre ­amarela, que decorreu em Luanda.

 

De forma algo surpreendente, há três dias, ou seja, na segunda-­feira, o director provincial da Saúde de Malange, Pedro José António, revelou à mesma agência noticiosa que o município sede e o de Cacuso “ registaram, nos últimos dias, seis casos confirmados de febre ­amarela, com três óbitos”.

 

O responsável local terá admitido que eram os “primeiros casos da doença na província”. Salta à vista que o Ministério da Saúde não tem uma posição convergente no que diz respeito à febre­ amarela, e fala a duas vozes, dissonantes: uma do director da Saúde de Malange, que admite a existência de novos casos, alguns dos quais resultaram, infelizmente, em óbitos; outra a do titular da pasta, que “desmente” ou desautoriza o seu subordinado.

Diante deste quadro: qual dos dois estará a falar a verdade: o ministro Luís Sambo ou 0 seu subordinado?

Num dos pontos focados, o ministro tem razão quando reconheceu que existe uma tendência para o declínio da doença no país. Embora se saiba que há ainda muita gente por vacinar, convém destacar os resultados já alcançados com as campanhas de vacinação, a diminuição do número de focos de lixo, águas estagnadas e as mudanças climatéricas menos favoráveis a multiplicação dos agentes vectores da doença. Mas isso não significa necessariamente que a epidemia tenha sido erradicada.

As contradições não abonam para a boa imagem da instituição governamental, nem do país. Se a divergência de números juntarmos à dissonância de cifras que têm sido apresentadas pelas organizações nacionais e estrangeiras, partidos da oposição sobre a epidemia registados, com o seu cortejo de óbitos, há motivos de sobra para se afirmar que existe uma tendência para se “suavizar” o assunto, quando o mesmo é grave, para não dizer gravíssimo.