Luanda - Enquanto partilhava a cela com os réus do Caso 15+2, numa das alas masculinas da Cadeia Central de Viana, Dago Nível Intelecto beneficiava de alguns apoios dos seus companheiros, mas a situação inverteu-se depois de terem sido transferidos para outras prisões.

Fonte: Opals

O advogado David Mendes revelou ontem, em exclusivo a OPAÍS, que o activista Francisco Gomes Macampa, mais conhecido por Dago Nível Intelecto, nas lides dos auto-proclamados “jovens revolucionários”, cumprirá os oito meses de prisão maior decretada pelos juízes da primeira instância por não ter recorrido da sentença.

 

Esclareceu que a equipa de defensores da Associação Mãos Livres, encarregue de defender alguns dos réus implicados no Caso 15+2, não interpôs recurso à seu favor por não ter sido contactada pelos seus familiares para lhe fornecer patrocínio judiciário (defesa gratuita).

 

“O caso dele já transitou em julgado e mesmo que quiséssemos não seria possível, porque o tempo estabelecido por lei para recorrer da sentença expirou”, declarou. O activista foi condenado aos 28 de Março por uma equipa de juízes da 14ª Secção de Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, encabeçada por Januário José Domingos, a pedido da representante do Ministério Público, Isabel Françony, por ter classificado como “uma palhaçada” o processo de julgamento dos seus companheiros.

 

O jovem reagiu dessa forma à decisão do juiz, segundo a qual os activistas, agora soltos por ordem do Tribunal Supremo, deveriam permanecer entre dois a oito anos e seis meses nos calabouços. Segundo apurou OPAÍS, a situação carcerária de Dago Nível Intelecto tornou-se precária a partir do momento em que deixou de partilhar a cela com os companheiros do Caso “15+2”, por estes terem sido transferidos para o Hospital Prisão de São Paulo e cadeia de Caquila.

 

Contactado por OPAÍS, Nuno Álvaro Dala contou que foi informado que o seu amigo recebe um tratamento que classifica como humilhante. “Todas as facilidades que lhe davam, receber visitas no jango, receber a comida directamente dos familiares, entre outras, foram- lhe retiradas”, frisou. Disse ter tomado conhecimento que ficou vários dias na cela disciplinar, no mês passado, por, alegadamente, não se ter posto de pé quando os guardas prisionais faziam a contagem da praxe. A sua opção em manter-se deitado, naquele momento, foi considerada pelos agentes como desrespeitosa para com a autoridade prisional.

 

O antigo cobrador de táxi tem recebido visitas da mãe e da esposa. Recorde-se que, antes de prosseguirem com o julgamento sumário que culminou na condenação de Drago Nível Intelecto a oito meses de prisão efectiva e ao pagamento de 50 mil Kwanzas de taxa de justiça, o magistrado ordenara a saída de todos os presentes da sala de audiências, incluindo os jornalistas. Na altura, os repórteres que se encontravam na apelidada “Sala de Imprensa” também foram obrigados a abandoná- la por um alto funcionário do tribunal que se apresentou como secretário do Tribunal Provincial de Luanda.