Luanda - O jovem Benjamim Gaspar dos Santos “Betinho” foi condenado a 23 anos de prisão maior, ontem, depois de ficar provado para o tribunal que violou quatro das 30 moradoras do Projecto Nova Vida e arredores de que era acusado. A decisão condenatória é da equipa de juízes da 14 Secção de Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda. Tanto os advogados do réu Banjamim Gaspar dos Santos, vulgo Betinho, como o representante do Ministério Público não recorreram da sentença.

Fonte: O País
Alberto Evaristo, juiz da causa, revelou que ficou provado, durante as sessões, que o arguido cometeu quatro crimes de roubo concorrido com violação, três crimes de roubo consumado e um de tentativa de roubo. Por esse motivo, foi sentenciado a 20 anos de prisão efectiva pelos quatro primeiros crimes, 11 anos de prisão pelos três crimes de roubo e dois anos de prisão pelo crime de tentativa de furto. Feito o cúmulo jurídico (somatório das penas), os juízes acordaram aplicar ao réu a pena de 23 anos de prisão maior, a obrigação de 150 Kwanzas de taxa de justiça e o mesmo valor de multa, por cada dia, respectivamente.

Pelos bens surripiados às vítimas, no acto do crime, o juiz Alberto Evaristo decretou que o réu deverá devolver a seis vítimas somas monetárias que variam de 50 mil a 860 mil Kwanzas. As beneficiárias serão as cidadãs Jandira Mateus, Maria Milonga, Marisa Pedro, Filomena Fernandes, Joana da Conceição e Sara Chilala. Apesar da quantidade de crimes que ficaram provados, Alberto Evaristo não descartou a possibilidade de terem existido mais vítimas, que, por vergonha ou receio, optaram pelo silêncio ao invês da denúncia do caso às autoridades.

O juiz explicou ao réu, de forma pedagógica, que deverá aproveitar o tempo que permanecer nos calabouços para refletir sobre esses crimes. Acorreram à 14ª Secção de Crimes Comuns, para assistirem ao final do julgamento, menos de dez pessoas, entre as quais vítimas acompanhadas dos seus parentes e o pai de Betinho, que preferiu sentar-se distante dos demais presentes na sala.

Durante a última sessão, esta Terça-feira, algumas vítimas esforçavam-se em conter as lágrimas que caíam dos olhos ao reviverem, pela descrição feita de viva voz do juiz da causa, o sufoco por que passaram ao serem obrigadas a satisfazer a vontade sexual de Betinho, sob ameaça de uma arma de fogo. Ao fim de quase uma hora e meia, uma das vítimas, trajada de calça preta e blusa branca, foi incapaz de conter as lágrimas. O parente com quem partilhava o assento reconfortou-a, de forma discreta, sem importunar o juiz da causa.

Apanhado pelo “próprio veneno”

O juiz da causa recordou que, no dia 20 de Setembro de 2015, Betinho violava uma das suas vítimas, quando o marido desta (também arrolado no processo como declarante) enviou um número de recarga ao telemóvel da sua amada. Ao se aperceber do conteúdo da referida mensagem, o violador, como se de uma prenda se tratasse, aproveitou para recarregar o seu telemóvel depois de ter satisfeito os seus desejos.

Foi com base nesse número de recarga, segundo o magistrado, que foi descoberto o terminal telefónico do violador e, concomitantemente, via rede social “Watsapp” as imagens do utilizador do número. As fotografias foram espalhadas por diversas ruas do Projecto Nova Vida, com maior realce para os arredores do instituto superior aí instalado.

“Não há muito que se dizer. O senhor tem é que reflectir muito sobre os seus actos. Viste muito bem o estado de ânimo do cidadão que enviou o saldo à sua mulher, ele só não foi além por respeito a esse tribunal”, advertiu o juiz. Enquanto Betinho prosseguia a sua saga violando e roubando mulheres, através desta rede social foi possível obter a sua identidade. Até chegar ao tribunal foi um pequeno passo.