Lisboa - O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural português, Luís Capoulas Santos, transmitiu hoje, em Luanda, a disponibilidade de Portugal para entregar a Angola o acervo bibliográfico e científico agrícola do tempo colonial, conforme pretensão do Governo angolano.

Fonte: Lusa

A posição foi transmitida pelo governante português, que inicia hoje uma visita oficial de quatro dias a Angola para reforço da cooperação bilateral nesta área, após reunir-se no Ministério da Agricultura com o homólogo angolano, Afonso Pedro Canga.

 

"Tive a oportunidade de dizer ao senhor ministro que toda a informação referente a Angola dos arquivos coloniais que possam ser úteis ao Governo de Angola, o ministério da Agricultura português está inteiramente disponível para os facultar, como aliás já fez em relação a outros elementos", disse Luís Capoulas Santos, o primeiro ministro do executivo liderado por António Costa a visitar aquele país africano.

 

Em causa está informação técnica, científica e cartográfica sobre a produção agrícola e potencialidades angolanas, recolhida até 1975, durante o período colonial português.

"São instrumentos que podem ser úteis ao desenvolvimento das políticas de Angola", disse o governante, em declarações aos jornalistas.

 

"Portugal detém o maior acervo científico de Angola no domínio da Agricultura, fora de Angola. Então, há vantagens recíprocas em colaborar com Portugal", explicou o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural de Angola, Afonso Pedro Canga.

 

Angola é o maior produtor de petróleo de África, mas vive desde 2015 uma profunda crise económica e financeira decorrente da quebra das receitas com a exportação de petróleo.

 

O Governo lançou em janeiro um programa que visa diversificar a economia, reduzindo as importações e aumentando as exportações, tendo a agricultura como um dos pilares.

 

"Cooperar nesta área é uma boa base para o reforço da cooperação entre Angola e Portugal, que ambos os governos desejam. Vamos identificar as áreas de cooperação prioritária que possam ser úteis para ambos os países, gostaríamos de passar de uma fase retórica da cooperação para uma fase concreta da cooperação", afirmou Capoulas Santos.

 

Durante a visita oficial de quatro dias, que decorre em simultâneo com a presença de uma missão empresarial portuguesa, o ministro Capoulas Santos vai conhecer vários projetos de produção agrícola, nas províncias do Bengo e do Cuanza Sul.

 

Em paralelo, técnicos das duas delegações vão identificar "projetos prioritários" de cooperação bilateral, aos níveis institucional e empresarial.

 

"Iremos traduzir essas prioridades em acordos concretos, ações concretas de cooperação, para que possamos executá-las a curto prazo", apontou o ministro, dando como exemplo a possibilidade de troca de experiências, formação e apoio nas relações internacionais, no domínio da cooperação institucional com o Governo de Angola.

 

Mais de dois milhões de famílias angolanas vivem da agricultura, setor que emprega no país 2,4 milhões de pessoas, mas sobretudo para subsistência, paradigma que o Governo angolano pretende alterar, industrializando e modernizando a produção.

 

"Portugal tem uma grande experiência, um grande conhecimento científico e técnico sobre a agricultura angolana, sobre as potencialidades, e conseguiu fazer uma revolução verde. Passou de uma agricultura antes de pouco desenvolvimento e baixa tecnologia, para uma moderna, desenvolvida e competitiva, em alguns produtos", sublinhou o ministro angolano.

 

Por esses motivos, diz Afonso Pedro Canga, a colaboração de Portugal "pode ser útil", como na área científica e empresarial.