Benguela - “Os governos actuais estão mais preocupados em reeleições do que governarem bem”. Desconhecido
Fonte: Club-k.net
Nos dias 17 a 20 de Agosto do corrente ano, o MPLA realiza o seu VII Congresso Ordinário para eleição do seu Presidente e do Comité Central. E o mais importante a preparação da máquina eleitoral para vencer as eleições gerais de 2017.
Lamentavelmente, com único candidato natural a Presidente do partido, o camarada José Eduardo dos Santos.
O lema para o respectivo congresso é: “MPLA-com o povo rumo à vitória”. Em princípio um bom lema, populista e mobilizador.
No entanto, feita uma “análise minuciosa”, podemos notar algum “excesso”. Pois, que se estivéssemos no Monopartidárismo justificaria a "palavra de ordem". Porque o MPLA era o povo e o povo era o MPLA (O MPLA é o povo e o povo é o MPLA).
No contexto actual de Estado Democrático e de Direito é muito estranho. Todavia, ainda assim “compreensível”.
O último comunicado do Bureau político do Comité Central sobre a polémica do livro do historiador Carlos Pacheco “Agostinho Neto, o perfil de um ditador” confirmou o surgimento da expressão populista e desactualizada “o MPLA é o povo e o Povo é o MPLA”.
“Desde os primórdios da luta, o MPLA sempre teve o apoio incondicional das populações, pelo que não foi por acaso que surgiu a palavra de ordem “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”.
Ora, hoje o povo é o povo angolano, com todas as suas diferenças étnicas, linguísticas, tradições…Por isso o povo não é o MPLA.
Não obstante, os números expressivos das últimas vitórias eleitorais do MPLA, não significam que o povo todo, aliás o povo eleitoral é toda sua pertença. Assim, todo povo não é do MPLA, é de Angola. Então o rumo a vitória é uma confusão.
A pergunta é, mas que vitória? Se for a vitória eleitoral é “quase consensual” que o MPLA vencerá as próximas eleições. Salvo, se houver uma hecatombe eleitoral e o milagre acontecer. Aliás, parece ser a única razão da sua existência.
Pois, os indícios são grandes de ver e vencer: Monopolizou o espaço político, sequestrou a imprensa no “geral” reforçando a propaganda política e já está em ardente “campanha eleitoral”.
A nível da oposição excepto a CASA- CE e a UNITA fazem alguma coisa. Os demais estão moribundos. Portanto estão a espera do dinheiro das eleições para ressuscitarem. É viral, é moda!
Sobre a permanência do MPLA no poder através de eleições, é “inquestionável”. Quiça, a maior discussão é sabermos, qual será a percentagem de votos da vitória? Pois, “a situação económica e social é estável”, segundo José Eduardo dos Santos.
É tão estável que há pessoas a passarem a fome, há evidências de má gestão, corrupção e outras “endemias” na governação. Pois, a expectativa é grande para o próximo ano. Como funcionará a máquina dos resultados eleitorais?
Obviamente, que arrumada a questão da vitória eleitoral por parte do MPLA. O que é indiferente para alguns cidadãos. Porque o que de facto precisam é a vitória para o desenvolvimento económico e financeiro, o bem-estar de todos, a paz social e política.
O fortalecimento da democracia no País, que os governantes e governados partilhem passos comuns sobretudo hospitais e escolas públicas. E que haja seriedade na dignidade da pessoa humana.
Que morra definitivamente no País o delito de opinião, vamos fazer de Angola parafraseando o chefe “ um bom lugar para se viver”.
Entendemos que para um congresso em tempos de crise, a maior preocupação não seria a mudança dos nomes dos projectos não realizados da presente legislatura (muitas vezes, nos programas eleitorais mantêm-se os conteúdos e alteram-se apenas os nomes e os datas).
E a ganância cega e doentia de vencer por vencer o pleito eleitoral. Somente, para legitimar os “erros grassos" de governação. Mas sim é um profundo diagnóstico do país real e efectivar a governação para o bem colectivo. E não simulações de governar.
Portanto que o VII Congresso seja um verdadeiro momento de mudança radical da medula do pecado e da insensibilidade dos problemas do povo angolano. Pois, o MPLA como partido governante tem responsabilidades acrescidas. E, haja assim um novo marco na história de Angola.
Haja juízo!
Domingos Chipilica Eduardo