Benguela - O líder do maior partido na Oposição, Isaías Samakuva apelou recentemente, numa entrevista a Voz da América que o regime actual só pode ser derrubado nas urnas. É um “acto de cidadania”. Pois, é assim que acontece nos estados modernos.Todavia, do ponto de vista político o apelo de Samakuva é um “erro grasso”.

Fonte: Club-k.net

Ora, o voto é um dos actos do processo eleitoral. Pois, o processo segundo a lei inicia com o registo eleitoral. E portanto, a votação não é um “acontecimento extraordinário”. Por um lado.


Por outro lado, o nosso processo político apresenta particularidades sobretudo a “engenharia maquiavélica” do partido no poder que domina o jogo todo a seu bel-prazer. Vivendo em insónias nos períodos pré-eleitorais e bloqueando o germinar de outras cores ou personalidades alheias a sua vontade.


No fundo impera na governabilidade e na politica a expressão de outrora “ ao inimigo nem palmo do nosso território”.

E mais, nos países com tradição de governação como em África, onde “perpetuam-se” no poder os “partidos das independências”, aqueles que libertaram o povo da opressão colonial, regra, salvo, excepções têm o poder como sangue que corre nas veias. Praticamente, é o poder da força o símbolo das suas sobrevivências.

 

Assim, agarraram-se com “unhas e dentes” aos processos eleitorais de forma inexplicável e não se deixam nem querem perder. Por conseguinte, fazem desses processos a sua “FORMULA 1”.


Ora, quaisquer tendências para perigarem a sua manutenção ou elevar a cultura de cidadania ou ainda invadirem o seu espaço político por outras forças, mesmo que às vezes sejam por meios democraticamente aceites, o medo é tanto!

 

O medo de perder o pão, é deveras, o grande objectivo da luta. Até pregoam que “ quem quer governar espera nas urnas”. Como se fosse verdade!Pois, que as urnas que eles referem-se são armadilhadas/blindadas contra os adversários.

 

Ainda ouvimos do presidente Samakuva que a sua UNITA criará a uma Televisão por Satélite. Que ideia genial! Merece os nossos aplausos. Justificou que a TV “vai dizer a verdade, vai dar voz dos que não a têm”. E mais, “ no nosso país a Comunicação Social não dá espaço a Oposição. Por isso, mesmo aquilo que a Oposição faz, os actos e actividades não são do conhecimento da sociedade e dos cidadãos”.

 

Parece que a UNITA quer contrapor a imprensa pública (principalmente, a Televisão Pública de Angola-TPA) que quase não passa seus conteúdos informativos e quando passa os manipula. É triste!

 

Lamentavelmente, se a UNITA na qualidade de maior partido na Oposição, é incapaz de colocar a TPA e toda imprensa pública de “sentido”, respeitando a Constituição e lei. Então, o país está a caminhar para atrás. É o cúmulo. O Galo Negro foi derrotado pela “nossa televisão”.

No Estado Democrático e de Direito quando as instituições principalmente públicas não cumprem o seu “dever geral “. É evidente que existem meios legais quer administrativos quer judiciais, e também políticos para defesa dos interesses dos lesados.

A luta política da UNITA devia ser mais acutilante, há até um bom trunfo: as manifestações.

A UNITA pode realizar manifestações ou vigílias periodicamente com motivos concretos. Quiça, uma mobilização nacional para que a imprensa pública cumpra o seu papel.


Passamos a saber que “TV UNITA” está condicionada ao momento de crise e pede a mão caridosa de todos os angolanos para avançar com o projecto. Discordamos desse argumento, que não há dinheiro, quantos mandatos teve o presidente Samakuva?


Ora, actualmente, se for para nascer mais uma TV deverá ser mais plural, democrática, imparcial e isenta. Temos muitas dúvidas que isso aconteça!

É um passo atrás!
Domingos Chipilica Eduardo